A gente pisca e 30 anos se passaram. Eu lembro quando era moleque, 31 anos atrás. Eu tinha 15 anos e estava começando a descobrir o mundo da música, do heavy metal e de todas as suas nuances. Estava na casa de um amigo e ele me mostrou o disco de vinil de uma banda que nunca tinha ouvido falar. O Angra estava colocando no mercado o seu disco de estreia intitulado Angel´s Cry. Perguntei sobre o que se tratava e ele só me disse que era o vocalista do Viper. Sim, eu já conhecia o Viper e o Andre Matos, um incrível cantor com uma voz bem marcante. Então você já ouve a banda com uma certa expectativa e zero preconceito.
O que posso dizer da primeira impressão desse disco? Foi fantástica. Hoje tenho maturidade para dizer que não é nada inovador. Ninguém aqui fez algo memorável, mas era um disco certinho, com boas composições, músicos espetaculares, um processo de gravação muito bom e produção do nível de bandas internacionais. Então não foi surpresa o grande sucesso do disco. Um heavy metal melódico, que hoje costumam chamar de Power Metal, com passagens melodiosas, intervenções orquestrais, uma pegada de música brasileira, e a voz incomparável de Andre Matos. Aqui o Angra começou a sua caminhada. Não foi uma obra prima, que viria apenas no próximo disco, mas uma excelente estreia.
Não consegui comprar o disco no lançamento, mas somente em 1997 quando a Paradoxx relançou o disco em CD no Brasil com 3 faixas bônus. Ao contrário de muitos fãs que elegem várias das músicas mais comerciais do disco como suas favoritas, eu sou muito fã da música Stand Away. Uma composição lenta, porém poderosa. Mas, o disco é feito de grandes acertos como Carry On, Time, Never Understand, Streets of Tomorrow, o cover para Wuthering Heights de Kate Bush, que parece uma música romântica, mas tem uma letra perturbadora, e a própria música título Angel´s Cry.
O disco foi lançado em 1993 no Japão e só em 1994 no resto do mundo. Uma decisão interessante se lembrarmos que o país nipônico é um grande consumidor desse tipo de música e por lá o disco chegou até a 17º colocação nas paradas. Junto com Andre Matos no vocal, temos Rafael Bittencourt na guitarra, Kiko Loureiro na guitarra, Luis Mariutti no baixo e Alex Holzwarth na bateria. Embora o baterista Ricardo Confessori esteja no encarte do disco, ele não tocou nas faixas. Ele entrou na banda depois que as músicas já estavam gravadas pelo baterista original, o Alex Holzwarth.
A banda lançou uma versão comemorativa do Angels Cry no aniversário de 30 anos do disco. O CD veio com Sleep Case, um encarte refeito, um pôster, porém com as mesmas faixas encontradas na versão da Paradoxx lançada em 1997. Nem uma simples faixa extra.
Quem se interessou e não conhece o Angra, é possível ouvir o disco no Spotify.