Você, que também é prestador de serviços, independente se é na fotografia ou em outra profissão, também deve ter um conjunto de perguntas feitas por clientes que são extremamente irritantes. Mas, isso é normal. As pessoas que não vivem em contato com a sua profissão acabam criando cenários inverídicos em suas mentes e achando que algumas atitudes são absurdas ou poderiam ser facilitadas. Mas, só quem vive o dia a dia de uma atividade sabe como as coisas são. Faz muitos anos que aprendi a não questionar algumas coisas, pois cada um tem sua profissão e seus conhecimentos. Dentro dessa perspectiva, o fotógrafo Illya Ovchar criou uma lista de 5 perguntas irritantes feitas para fotógrafos e uma resposta para cada uma delas. O texto original foi publicado no site fstoppers e transcrevo abaixo as perguntas irritantes com um pouco de minha experiência.
1 – Você precisa de um assistente para esse trabalho?
Essa é uma pergunta que ouço muito. Em fotografia de estúdio e também em fotografia de eventos, pois o cliente quer baratear o custo do serviço e uma pessoa a menos trabalhando vai significar, na cabeça do cliente, um valor menor para o serviço. Mas, um assistente é de grande importância para facilitar as coisas e diminuir o tempo do trabalho, sem falar que um par de olhos a mais durante as fotos pode ajudar a não deixar escapar nenhum detalhe. Ovchar costuma dizer que sem o assistente o valor vai ser maior e vai demorar mais tempo para concluir o trabalho, pois ele vai ter que fazer tudo sozinho e o valor de trabalho da hora dele é maior do que a do assistente. Uma boa desculpa.
2 – Por que você não está editando suas próprias fotos?
Aqui tempos um ponto interessante. Quando começamos na fotografia digital, muitos acabam entendo que a edição é uma parte de sua visão, uma parte do seu estilo, e fica complicado acabar deixando essa parte para outra pessoa fazer. Mas, fotógrafos com grande fluxo de trabalho acabam terceirizando o processo de edição para outra pessoa. Como Ovchar comenta, o trabalho dele é fotografar, e não “revelar” a foto. Ele aponta que na na época do filme fotográfico a revelação era feita pelo técnico do laboratório e que ele mantem essa metodologia até hoje. Mas, entendo que é um custo proibitivo para o fotógrafo com fluxo de trabalho menor. Outro ponto é o fotógrafo perfeccionista que quer manter todo o controle do seu fluxo de trabalho. Eu me encaixo nessa categoria.
3 – Meu telefone tira fotos com 50 megapixels. Por que você precisa de câmera?
Essa é clássica, pois a pessoa que não trabalha com fotografia tem o hábito de observar fotos em redes sociais e as telas em que observamos essas fotos estão cada vez menores. Antes eram utilizados computadores e agora smartphones com telas de alto contraste. Nas pequenas telas tudo é lindo e maravilhoso, mas ao utilizar essa foto para qualquer coisa que não seja mídia social começamos a ver que a quantidade de megapixels em um sensor é apenas um dos fatores que vão trazer qualidade para sua foto. Embora os smartphones estejam evoluindo, eles ainda estão longe de apresentarem a mesma qualidade de uma câmera reflex ou mirrorless. E o principal fator que faz essa qualidade ser menor é o diminuto sensor de captura de imagem. Mas, a tecnologia está sempre evoluindo.
4 – Posso ter todas as fotos da sessão?
Não, não pode. Eu tive um professor que tinha um ensinamento que levo para toda minha vida: Se quer ser considerado um bom fotógrafo é só não mostrar as fotos ruins. Durante a sessão muita coisa acontece, muitas poses não funcionam, fotos ficam desfocadas ou com enquadramento estranho. Enquanto estamos clicando tudo é permitido e você deve fazer experiências. Mas, na hora de selecionar as fotos você deve eliminar o que não ficou bom, o que não deu certo, as imagens com erros técnicos e mostrar para seu cliente uma pequena seleção de tudo o que ficou bom. Outro perigo de mostrar tudo é o cliente querer usar uma foto que não passaria pelo seu padrão de qualidade. Cada um tem um gosto e o cliente não é obrigado a entender de estética, mas você é. Mostre sempre o que ficou bom e que você teria orgulho em publicar em qualquer lugar. Esconda o que não ficou legal.
5 – Sou um influenciador. Você pode fazer uma sessão em troca de exposição?
Nem pensar. O mundo foi invadido por uma categoria que se denomina de influenciador digital. Porém, 99% dessa galera não influencia nada e não vão ter o mínimo impacto no seu negócio. Não estou afirmando que esse pessoal não consiga vender alguma coisa, mas geralmente para o fotógrafo isso não funciona. Toda semana recebo esse tipo de proposta que, para os influenciadores, parece maravilhosa, mas para o fotógrafo é apenas trabalho jogado fora. Se quer fazer algum trabalho de graça procure uma instituição de caridade ou abrigo de animais. Vai ser mais recompensador.