E nessa semana, no dia 23 de junho, o álbum de estréia dos Mamonas Assassinas (autointitulado) completou 25 anos de lançamento. Me pergunto se os jovens se questionam o motivo de o grupo ser tão constantemente lembrado ao longo de duas décadas e meia, mas vocês precisam entender que foi um grande fenômeno. Os garotos apareceram com um material despojado, bem gravado e engraçado. Mas, o que determinou seu estrondoso sucesso foi o fato de serem absorvidos pelos grandes programas de auditório da TV brasileira. Na minha opinião isso também seria o fim do grupo, mas a tragédia aconteceu antes da banda trilhar outros caminhos.
A primeira vez que vi uma música da banda foi no programa de entrevistas do Jô Soares. O grupo apareceu para mostrar sua música. Todos vestidos de Chapolin Colorado. Tudo demonstrava que eram grandes palhaços, mas bem profissionais. A música que foi executada nessa entrevista foi o carro chefe do futuro disco na época, a Vira Vira (na entrevista ao Jô o disco ainda não estava disponível para vendas). Achei engraçado, mas meio que esqueci. Alguns dias depois, a nova edição da Revista Rock Brigade trazia uma resenha do disco. Surpreendentemente o disco recebeu nota 8 dos redatores. Conseguir uma nota tão alta ali não era fácil e resolvi comprar o disco para ver qual era. E não me arrependi.
O grupo era muito competente. Você percebe isso nas composições, nos instrumentos bem encaixados e na maneira como tudo foi feito. Pode ter sido um grande golpe de marketing, mas foi feito com gente competente. Eles poderiam ter apostado em uma vertente mais “seria” da música, mas a sátira e a brincadeira também são válidos. Impossível dar um destaque para qualquer música, pois todas se tornaram extremamente populares entre os fãs e praticamente o disco inteiro tocou nas rádios.
O grupo causou uma revolução musical. Tiveram uma exposição comparável ao fenômeno da banda RPM com o disco Rádio Pirada em 1986. Mas, eles foram absorvidos pelos diversos programas de auditório da TV, em especial pelos programas do SBT, principalmente o de Gugu Liberato. E quanto mais eles tinham essa exposição, mais a veia do palhaço ficava exposta, infantilizando e transformando a banda em uma caricatura do grupo que lançou o disco.
Segundo a Wikipédia, o álbum é o nono álbum mais vendido de todos os tempos no Brasil, entre artistas nacionais, e o terceiro álbum mais vendido nos anos 90. O álbum quebrou vários recordes nunca antes vistos no país, e continua até hoje como o álbum de estreia mais vendido de todos os tempos no Brasil, bem como o álbum mais vendido em um único dia no país, vendendo 25.000 cópias em apenas 12 horas. Em menos de 100 dias, o álbum vendeu 1 milhão de cópias, dobrando esse número em dezembro de 1995. Com 2 milhões de cópias vendidas em apenas seis meses, a banda dominou as estações de rádio brasileiras e recebeu elogios em geral, tornando-as lendas na história da música brasileira.
Em 2 de março de 1996, depois de 8 meses de sucesso, a banda inteira morreu em um acidente de avião depois de um show em Brasília. Claro que ainda teriam alguns meses de sucesso referente ao primeiro disco, mas o grupo teria que, obrigatoriamente, lançar um próximo trabalho para manter a roda das vendas ativa. E nesse momento que saberíamos realmente qual caminho seria trilhado por essa galera. Infelizmente, nunca saberemos. E fico muito triste por não terem aproveitado a vida, o sucesso e a oportunidade de alegrar tantas pessoas mais.
Como o disco vendeu muito é tranquilo achar usado no Mercado Livre se você quiser ter em sua coleção. A versão em CD é vendida nova até hoje. Vale a pena.