Acho que o grande sonho de todo fotógrafo é ter um estúdio para chamar de seu. Muita coisa povoa o imaginário das pessoas quando falamos de estúdio fotográfico, geralmente coisas que viram em filmes ou na TV. Mas, o estúdio nada mais é do que um local que será utilizado para fotografar. Pode ser uma ampla sala comercial, ou simplesmente um cômodo de sua casa que você usa para fotografar; O que importa é que você tenha espaço suficiente para realizar suas produções. Algumas receitas de bolo que você encontra na internet dizem que é necessário que o espaço seja suficiente para fotografar uma pessoa de corpo inteiro com uma lente 50mm. Isso seria o ideal, mas se você possui uma câmera cropada, mesmo com uma 50mm o espaço necessário seria bem expressivo. Para quem tem espaços limitados e câmeras com fator de corte, é possível fotografar com grande angulares (35mm ou menos) e depois utilizar a correção de distorção dos softwares de edição.
Outra coisa é em relação ao fundo da foto. A forma mais tradicional do estúdio é um fundo infinito branco com uma curvatura perto do chão. Mas, isso não é obrigatório. Depende do estilo de foto que você vai fazer e do seu objetivo final. Pode ser uma parede normal ou uma placa de compensado. O fato de não ter uma curvatura perto do chão também não é impedimento. No caso das fotos que vou mostrar aqui nesse texto a coisa é totalmente fora do padrão. Por conta da pandemia do COVID-19 e da queda dos trabalhos remunerados de fotografia, fui obrigado a fechar as portas do estúdio. Para trabalhos que necessitam dessa estética estou utilizando a casa de uma amiga que, atualmente, está vazia. Em um dos cômodos temos uma parede com textura listrada. Não é o que encontramos tradicionalmente em um estúdio, mas gosto muito do efeito que temos no fundo da foto. Porém, uma regra básica deve ser seguida: a modelo deve ser posicionada a pelo menos 1 metro do fundo ou teremos sombras que vão aparecer na parede.
Agora, a parte mais importante, a iluminação. Você pode fotografar com qualquer luz dentro de um estúdio. Pode ser flash, pode ser luz contínua (tanto LED quando lâmpadas florescentes) ou até a luz natural que entre por uma janela (muito comum na fotografia newborn). Porém, as pessoas pensam nas grandes unidades e flash que muitos chamam de tocha (coisa de fotógrafo velho). Essas unidades são legais, com a possibilidade de proporcionar muita luz, mas são caras, pesadas e complicadas de utilizar fora do ambiente do estúdio. Faz tempo que estou utilizando como fonte de iluminação nesse tipo de ensaio os flashes dedicados. Flash dedicado é a pequena unidade de iluminação que geralmente acoplamos na parte superior da nossa câmera. Aqui eu utilizo fora da câmera, presos a um tripé e com acessórios de iluminação. Essas unidades podem funcionar tanto em modo manual quanto em modo automático (TTL).
A vantagem dessas unidades é que são pequenas e leves, Podem ser transportadas em uma mochila. Possuem boa quantidade de luz e são confiáveis. O lado negativo é o preço elevado de cada uma (falando dos equipamentos originais, e não das unidades chinesas que temos agora no mercado) e o fato de utilizarem pilhas. Aliás, o fato de utilizarem pilhas AA como fonte de iluminação são um fator negativo e também positivo. Dependendo da duração do trabalho que você vai executar será necessário ter vários jogos de pilha. Por outro lado, você fica livre da necessidade de uma fonte de energia elétrica para fotografar e da existência de fios espalhados pelo estúdio. Para as fotografias de meu estúdio móvel eu utilizo dois flashes Canon 430EXII. Poderia ser de uma marca chinesa? Sim, poderia. Aliás, quando essas unidades morrerem (já tenho elas há 7 anos) pretendo investir em flashes da Godox. Eu utilizo os chamados mini-tripés de estúdio e o suporte S-Type para prender o flash. Esse suporte é bacana por ser robusto, confiável e possibilitar acoplar uma grande variedade de acessórios de modificação de luz. Eu disparo o flash com o radio flash Yn622C da Yongnuo. Finalizando meu equipamento de iluminação, eu tenho um softbox Greika com 60cm de lado, uma sombrinha rebatedora branca Greika com 80cm e refletor parabólico com colmeia. Junto na bolsa ainda levo um colorchecker passport para correção de balanço de branco, um fotômetro Sekonic e um rebatedor prata/dourado de 150cm.
A luz com o softbox é sempre minha iluminação principal. Eu sempre brinco com a posição dessa luz. Ela pode ficar ao lado da modelo (90º), na frente da modelo, ao lado mais extremo (0º) ou de cima para baixo. Vai depender de seu objetivo e de sua criatividade. Costumo trocar o posicionamento da luz a cada troca de roupa da modelo. Usando apenas uma fonte de luz vou sempre gerar uma sombra muito contrastada. Quando não quero esse resultado, entra o rebatedor ou a segunda fonte de luz com uma sombrinha rebatedora branca para ser a luz de preenchimento. Normalmente trabalho com ISO 100, velocidade de 1/250 e diafragma em f/2,8. Sim, trabalho com grande abertura de diafragma. A perda de profundidade de campo faz parte de minha estética e composição. Para retratos funciona muito bem. O único cuidado é sempre ter o foco no rosto da pessoa. Uma vantagem de poder trabalhar com sistem TTL de flash é que as unidades se adaptam a essa abertura tão grande, o que não é possível com a maior parte dos flahes de estúdio. A principal lente que uso para retrato é uma 60mm f/2,8, mas ao ar livre também uso muito uma 70-200mm f/4.
Quanto ao flash, em 90% das situações eu utilizo o modo TTL. Sei que aqui muita gente pode discordar, mas entre o TTL e o modo manual não existe um que seja melhor. Se você entender como os dois sistemas funcionam e quais a limitação de cada um, então você pode escolher aquele que será mais confortável para o seu trabalho. O flash TTL me basta para 90% dos casos, mas em algumas situações ele não da conta do recado, mesmo fazendo as devidas compensações. Então nesses casos eu trabalho com o flash manual, fazendo a fotometria através do fotômetro de mão. No ensaio com flash TTL eu trabalho com a luz principal sem compensação. A luz de preenchimento depende do acessório que estou utilizando. Se for a sombrinha rebatedora eu escolho trabalhar com -1,7EV. Se for com o refletor parabólico com a colmeia a compensação fica em -2,3EV. O resto é a boa e velha fotografia de retrato.
Todas as fotos desse texto foram executadas utilizando esses equipamentos de iluminação. Abaixo, alguns links para elucidar alguns pontos.
- Veja o acessório que uso para prender o flash e acessórios (vídeo muito antigo, hehe)
- Fotografando em TTL um ensaio externo
- Pocast sobre como montar seu primeiro estúdio fotográfico
- Aprenda o que é EV na fotografia
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