Olá pessoas, tudo bem? Aqui é Gilson Lorenti, fotógrafo, morador das terras escaldantes de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, e apaixonado por fotografia de alimentos. Hoje, trago um pequeno tutorial sobre como fotografar alimentos utilizando flash dedicado. E o que é um flash dedicado? É aquele flash que utilizamos em cima da câmera e que possuem conexões inteligentes com o equipamento. Aqui, em nosso caso, vamos utilizar eles fora da câmera e com acessórios de iluminação. O disparo será através de um rádio flash da marca Yongnuo.
A fotografia de alimentos, ao contrário do que muita gente pensa, é mais estética do que técnica. Antes que algum outro fotógrafo me jogue uma pedra eu explico. Você pode utilizar diferentes tipos de luz para fotografar alimentos. Em alguns casos, até a luz que entra pela janela fica muito bonita. Mas, é necessário ter um bom gosto para a montagem do prato, os pequenos detalhes da decoração da cena e o ângulo em que você vai fotografar o alimento. Hoje em dia, os grandes estúdios possuem um profissional que cuida apenas disso, além das características físico/químicas do alimento. O Food Stylist é a pessoa que monta o cenário e o fotógrafo entra apenas com a parte técnica. Mas, não é todo projeto que tem verba para contratar o profissional, então o normal é que o fotógrafo entenda um pouco desse assunto.
Em nosso exemplo, utilizamos duas rosquinhas de canela compradas no mercado aqui da vila. Não é o ideal. Pois, elas já perderam muito da aparência que as faz desejáveis. O certo era fotografar o alimento assim que ele fica pronto. O alimento possuí mais vida e mais brilho e textura. Mas, como o foco do texto é falar da iluminação, então achei válido. Aliás, uma mudança que estamos vendo na prática de fotografia de alimentos é o fato de fotografarmos as coisas reais, da maneira que é servida para os clientes do estabelecimento. Aquele monte de comida falsa e montagens que vemos em vídeos do Youtube ainda são utilizados em grandes produções, mas os projetos de pequenos restaurantes e lanchonetes primam por fotografar o alimento real.
Abaixo o nosso cenário de trabalho.
Na foto acima tenho minha área de trabalho. A direita tenho a minha luz principal (01), a que vai ser mais forte na iluminação, com um flash Canon 430EXII acoplado a um softbox de 50cm de cada lado. Esse modelo de softbox possui dois difusores, o externo e um interno. A esquerda, tenho uma luz de preenchimento (02), com outro Canon 430EXII acoplado a um refletor parabólico com colmeia. Na parte da frente tenho minha câmera em um tripé (03), uma Canon 7D com a lente EF-S 60mm f/2,8 Macro. Temos na mesa uma tábua de madeira (05) que será a base do alimento e atrás as placas de papel Foan (04). A placa preta será o fundo de nossa imagem, enquanto as placas brancas servem como rebatedores de luz. Dependendo da proposta da fotografia, você pode dar um ar mais iluminado ou mais dark. Eu prefiro trabalhar com uma iluminação mais dark e com muito contraste. Completando os equipamentos temos dois radio flash Yongnuo Yn622-C e um controlador Yn622c-TX.
Antes de começarmos a fotografia, temos que acertar as luzes. Eu poderia deixar tudo no TTL, mas demoraria mais para conseguir a proporção que gostaria. Eu quero que o flash principal tenha 4 vezes mais luz do que o flash de preenchimento. Então estou trabalhando com o modo manual do flash e vou utilizar um fotômetro para medir a luz.
Lembrando o básico da fotografia. Quanto maior a abertura do diafragma, menor será minha profundidade de campo. Então, se eu quiser manter a nitidez em todo o alimento, teria que trabalhar com uma abertura bem pequena. Mas, os flashes dedicados são alimentados com pilhas. Trabalhar com pequenas aberturas me obriga a utilizar mais de uma carga de bateria por conta dos disparos mais fortes (na verdade mais longos, mas isso fica para outro texto). Então, se você vai fazer um trabalho com muitos pratos, é interessante manter as baterias mais duráveis. Decidi que minha luz principal deveria ter um diafragma de f/5,6. Nesse caso, já que já havia escolhido a proporção que eu queria, então a luz de preenchimento deveria ter o diafragma f/2,8. É só colocar o fotômetro sobre a tábua e ir disparando cada luz, mudando a potência, até o fotômetro marcar a quantidade de luz que eu quero em cada luz.
Lembrando também que, na fotografia de alimento, a luz mais forte deve vir de trás do alimento. Sim, é uma regrinha básica. Isso aumenta o contraste da foto e evidencia a textura do alimento. Dar textura é a parte mais importante de fotografar alimentos. Já vi fotógrafo utilizando até 6 fontes de luz em um alimento, mas você pode fazer com apenas uma e utilizar um rebatedor branco do outro lado para eliminar sombras em excesso. Aqui vai depender de sua criatividade e conhecimento da luz.
Depois que a luz é acertada, a próxima coisa a fazer é uma foto do colorchecker. E qual o motivo? Para poder acertar o balanço de branco e as cores da foto na pós-produção. O colorchecker é uma ferramenta muito útil, porém cara. Você pode ter também um cartão cinza 18%, infinitamente mais barato, ou uma folha branca na falta dos dois. O que importa é acertar o balanço de branco de forma personalizada. Não acredite nas pré-definições dos programas de edição. Elas trabalham com valores puros, não levando em conta a cor dos difusores e rebatedores e nem dos objetos que estão no ambiente e possam alterar a cor da luz.
Lembram que falei que iria fotografar duas rosquinhas de canela? Então, coloquei as duas rosquinhas sobre a tábua de madeira e ao redor coloquei um pouco de açúcar e umas lasquinhas de canela, para dar ao observador um relance do sabor ao ver a foto. Agora que está tudo pronto, fiz uma nova fotometria com os dois flash ligados. A leitura deu f/6,3. Na câmera usei velocidade 1/200 e ISO 100. Mesmo com essa abertura não teremos uma grande profundidade de campo por conta da proximidade da lente ao assunto. Então você deve escolher bem onde fazer o foco. Eu costumo deixar o foco no manual, coloco a câmera no modo LiveView e dou zoom de 100% ou 200% e acerto o foco manualmente no ponto desejado.
Primeira foto realizada. Produção bem simples. Você pode fotografar alimentos em 3 ângulos bem interessantes, O primeiro é esse da foto acima. Rente a mesa, mostrando o alimento de frente. Gostei da proporção de iluminação, ficou bem parecido com o que eu queria. Notem a textura das rosquinhas, como ficou bem evidente. Ficaria bem mais apetitosas se fossem fotografadas logo ao sair do processo de confecção. Mas, o ponto aqui é a construção da luz. Você também pode fotografar o alimento com um ângulo de 45° ou 90°.
O que importar é ir variando o ângulo das fotos. Nem sempre um ângulo pré escolhido se mostra o melhor para o tipo de alimento que você está fotografando. Se tiver tempo explore bem as características do que está sendo fotografado.
Você pode ir brincando até achar o ângulo certo e mais apetitoso. Normalmente, quando trabalhamos para um restaurante, ou lanchonete, o chefe de cozinha vai estar junto com você. Afinal de contas, ele deve preparar os alimentos para serem fotografados. Então, sempre pergunte para ele as características principais do alimento, qual o sabor predominantes nos temperos, e o que deve ser mais evidenciado no prato. Quanto a produção, vale a regra do menos é mais. O que deve chamar a atenção é o prato, e não a decoração. hoje as pessoas preferem textura de madeira como base para fotografar, mas você deve dar liberdade para sua imaginação, levando em conta, claro, tudo o que aprendemos de combinação de cores na fotografia.
Espero que isso tenha ajudado algumas pessoas. Se ficaram dúvidas, ou até sugestões, é só deixar nos comentários.
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