Câmeras fotográficas são os equipamentos que utilizamos para registrar uma imagem fotográfica. Elas foram possíveis através da união da câmera escura de orifício (um subterfúgio de projeção de imagem utilizada por pintores desde o renascimento), com as descobertas da química que possibilitaram a produção de compostos que sofriam a ação da luz, e da ótica, com lentes que intensificaram os raios de luz que entravam pela câmera escura de orifício tornando o ato fotográfico muito mais rápido.
A primeira câmera fotográfica do mundo foi o daguerreotipo, inventado por Louis Daguerre, e foi apresentado à Academia Francesa de Ciências em 1836. Daguerre, que poderia ter licenciado o projeto do equipamento para outros usuários, fez um acordo com a Academia Francesa de Ciências e liberou o uso de sua invenção em troca de uma pensão vitalícia. Isso tornou o processo do daguerreotipo famoso e reproduzido em todos os locais.
A daguerreotipia, enquanto processo, era cheio de limitações, mas foi a principal fonte de imagens até 1860 quando foi substituído por processos mais baratos e eficientes. O daguerreotipo produzia imagens que eram uma mistura de positivo e negativo, não era possível fazer cópias das imagens, e as fotos demoravam cerca de 10 minutos em luz forte para serem registradas (o que transformava a prática de retratos em algo frustrante). As câmeras fotográficas foram aprimoradas até a primeira metade do Século XX quando tivemos a criação e popularização das câmeras reflex.
O modelo básico da câmera refelx 35mm se mantem como padrão até hoje, sendo apenas aprimorado ao longo do tempo e, mesmo nas câmeras digitais, possuí uma parte mecânica que mudou muito pouco com o passar das décadas. Embora possamos afirmar que a fotografia digital é uma tecnologia nova, ela herdou todas as nomenclaturas e regulagens da fotografia tradicional. Esse processo de apropriação ajudou muito na transição dos fotógrafos para o novo formato.
Hoje temos alguns tipos de câmeras fotográficas disponíveis no mercado com características e usos bem específicos. Vamos dar uma olhada nos principais modelos. Porém, existe uma grande característica a ser observada em câmeras fotográficas digitais: o tamanho do sensor. Quanto maior o sensor de captura de imagem da câmera, melhor vai ser a qualidade da imagem no final do processo. Por isso que câmeras com sensor maior tendem a ter um preço mais elevado.
Câmeras fotográficas compactas
Classificamos como câmeras fotográficas compactas todas as câmeras que possuem lentes fixas, ou seja, não é possível trocar a lente da câmera. Normalmente esse tipo de câmera possui uma lente com distâncias focais variáveis possibilitando a fotografia de várias situações distintas. Infelizmente, a maior parte das câmeras compactas possuem sensor muito pequeno, o que torna a qualidade da imagem um fator preocupante nesse tipo de equipamento.
Podemos dividir as câmeras compactas em três categorias. Temos as mais simples e totalmente automáticas, chamadas normalmente de point and shoot, que possuem qualidade de imagem mediana e não permitem nenhum tipo de regulagem mais avançada. O segundo tipo são as câmeras conhecidas como ultrazooms. Elas possuem um corpo mais avantajado e uma grande lente com grande zoom ótico, mas costumam manter o mesmo sensor pequeno. São indicadas para fotografia de natureza ou situações com muita luz. E temos as câmeras compactas premium, com boa qualidade de imagem e vários recursos de câmeras mais avançadas. Os sensores dessas câmeras costumam ser um pouco maiores, com 1 polegada de tamanho, apresentando um rendimento melhor do que o sensor das compactas automáticas e das ultrazooms. Junto a isso temos lentes e o algoritmo de processamento da imagem mais avançados, o que entrega uma imagem melhor, mas por um preço muito mais elevado.
O mercado de câmeras compactas point and shoot foi praticamente enterrado pelo aparecimento dos Smartphones e suas várias funções de compartilhamento de imagens. Poucos fabricantes mantêm esse tipo de câmera em produção atualmente. As ultrazooms ainda existem em grande quantidade e podemos citar como exemplo a Nikon B500, a Nikon P900, a Canon SX530 e a Fujifilm SL1000. Entre as compactas premium podemos citar a Canon G7X e a Sony RX100 Mark IV.
Câmeras fotográficas Reflex
As câmeras fotográficas DSLR (Digital Single Lens Reflex) são as mais comuns que encontramos atualmente no mercado. São equipamentos com controle manual completo, sensor grande e uma ótima qualidade de imagem. São câmeras com lentes intercambiáveis, ou seja, você pode trocar a lente de sua câmera e se adaptar às mais variáveis situações. O nome do equipamento se deve a um espelho que está localizado atrás da lente no corpo da câmera. A imagem entra através da lente, é refletida por esse espelho que está colocado antes da cortina do obturador, e novamente é refletida por um pentaprisma que se encontra na parte superior da câmera, chegando dessa forma até o visor (veiwfinder). Quando o botão disparador é acionado, esse espelho se eleva e deixa a imagem entrar até o sensor. Depois da foto realizada, o espelho volta para o local deixando a câmera pronta para visualização através da lente novamente. Existem várias vantagens nesse sistema, sendo que as principais estão ligadas à nitidez de visualização das imagens, o fato de não haver o atraso característico de sistemas de visualização eletrônicos, e a facilidade de enquadramento da cena a ser fotografada.
As câmeras reflex podem ser classificadas quanto ao tamanho do sensor e ao seu porte, sendo que podemos dividi-las em dois grandes grupos com suas próprias subdivisões. Esses dois grupos são as câmeras com sensor cropado as câmeras com sensor full frame.
As câmeras reflex cropadas são câmeras que possuem o sensor fotográfico um pouco menor do que o antigo filme 35mm. A maior parte dessas câmeras utilizam um sensor APS-C que na Canon tem tamanho de 22,2×14,8mm e na Nikon possui tamanho de 23,6×15,6mm. Algumas câmeras da Canon e Nikon no passado utilizaram o sensor APS-H com tamanho de 27,9×18,6mm. Equipamentos produzidos pela Olympus, como as linha EVolt, possuíam o chamado sensor quatro-terços cujo tamanho era exatamente a metade de um fotograma de 35 milímetros (17,3x13mm).
Uma característica importante das câmeras com sensores cropados é o fator de corte das lentes, que faz com que o ângulo de visão das lentes mude por conta do sensor menor do que o fotograma de 35mm, mas vamos falar disso no capítulo sobre lentes.
As câmeras reflex com sensor cropado podem ser classificadas em três categorias. A primeira são as câmeras de entrada. Elas são simples, com recursos mais modestos e preço mais baixo, mas conseguem manter uma ótima qualidade de imagem. Podemos citar a linha D3000 e D5000 da Nikon é a linha T da Canon (T6 e T7i, por exemplo). Normalmente as câmeras de entrada possuem o corpo fabricado em plástico industrial e sua durabilidade é baixa. Temos as câmeras intermediárias, com equipamentos mais encorpadas, mais resistentes, recursos mais refinados e com corpo construído em metal. São câmeras que são largamente utilizadas por fotógrafos profissionais justamente por conta da durabilidade. São exemplos de câmeras intermediárias a Nikon D7500 e a Canon 90D. E, por fim, temos as câmeras avançadas com corpo vedado contra fatores climáticos, com resistência para mais de 200 mil fotos e qualidade de imagem avançada. Exemplos são a Nikon D500 e a Canon 7D Mark II.
As câmeras reflex full frame são equipamentos onde o sensor de captura fotográfico é do tamanho do fotograma de 35mm dos filmes fotográficos. Para quem não sabe, o filme fotográfico mais comum que estava a disposição na década de 80 e 90 eram os filmes 35mm. Era possível encontrar esse filme em qualquer lugar (tinha até em farmácia) e toda câmera compacta ou reflex utilizava esse tipo de filme cuja área de emulsão possuía 36x24mm. Embora a largura total dele seja de 36mm, a área utilizada é de 35mm para a foto no filme. Os sensores fotográficos full frame mantiveram esse tamanho de 36mm de largura. Um sensor desse tamanho possui captação de luz melhor, o que gera uma melhor representação de cores e baixo ruído em ISO elevado. Porém, todas essas vantagens são representadas no preço do equipamento. As câmeras full frame possuem valor bem elevado, mas o investimento vale a pena se você está procurando qualidade.
As câmeras fotográficas reflex full frame podem ser divididas em três categorias: as full frame de entrada, as intermediárias e as profissionais.
As câmeras full frame de entrada são equipamentos relativamente novos no mercado fotográfico. Tanto a D600 da Nikon quanto a 6D da Canon chegaram ao mercado em setembro de 2012. Hoje temos equipamentos como a Canon 6D Mark II e a Nikon D750 que entregam ótima qualidade de imagem por um preço um pouco menor do que as câmeras reflex full frame intermediárias. Embora tenhamos qualidade, esses equipamentos são um pouco mais simples, não tão rápidos e com limitações quanto a durabilidade do obturador. Por algum tempo, as câmeras cropadas top de linha eram bem mais caras do que essas full frame, pois eram bem mais rápidas e duráveis.
A segunda categoria são as full frame intermediárias. Essas sim são câmeras mais encorpadas e com uma durabilidade elevada. Possuem obturador que chega tranquilamente a 200 mil disparos e são utilizadas comumente na fotografia profissional. Podemos citar aqui nessa categoria a Nikon D850 e a Canon 5D Mark IV.
Por último temos as câmeras reflex full frame profissionais. Aqui cabe uma pequena explicação. Sei que vendedores de lojas de câmeras fotográficas acabam dizendo que toda câmera reflex é uma câmera profissional. Não é bem assim que funciona. Canon e Nikon, por exemplo, produzem apenas um modelo profissional cada uma, mas acabamos utilizando as câmeras mais baratas também para trabalhar. Uma verdade incontestável no mundo da fotografia profissional é que, se você ganha seu sustento com a sua câmera, independente do modelo ou marca, ela é uma câmera profissional. O que os fabricantes chamam de câmeras profissionais são equipamentos muito grandes, com alta duração de bateria, sistema de foco automático ultrarrápido, capacidade de fazer um número elevado de fotos por segundo, possibilidade de trabalhar com dois cartões de memória para backup e sensibilidade ISO que ultrapassa a marca de 100.000. Podemos citar nessa categoria a Nikon D5 e a Canon 1Dx Mark II.
Câmeras reflex Médio Formato
Quando a fotografia era dominada pelo filme fotográfico, existiam diversos tamanhos de filme. O filme 35mm era apenas um deles, mas acabou se transformando no mais comum entre as câmeras fotográficas domésticas. Mas, também existiam as câmeras que trabalhavam com filme de médio formato. Assim como na fotografia digital, quanto maior a área de captura do filme fotográfico, melhor era a qualidade de imagem. Câmeras de médio formato trabalhavam com filme 120 e, dependendo do equipamento, poderia produzir 12 ou 16 fotos com um rolo de filme. Essa diferença de números de fotos é explicada por conta do tamanho da imagem que cada equipamento capturava. O mais comum é que as médio formato fizessem uma foto 6×6. Isso quer dizer que o tamanho que a imagem ocupava no filme era de 6x6cm. Mas, existem câmeras que fazem fotos 6×7, 6×9 e até 6×12. Quanto maior a área ocupada pela foto, menos imagens cabem em um filme 120.
A tecnologia digital também produziu câmeras com sensores em tamanho médio formato. É um mercado muito específico e, consequentemente, muito caro. As câmeras possuem resoluções gigantescas, o que leva a produção de arquivos pesados, tornando a câmera mais lenta. As médio formato geralmente são utilizadas em fotografia publicitária e moda. São indicadas para uso em estúdio e para produção de imagens que serão impressas em grandes formatos. Podemos citar nessa categoria a Pentax 645Z (sensor de 44 × 33 mm) e a Hasselblad H6D-100C (sensor de 43,8×32,9mm).
Câmeras fotográficas Mirrorless
Em 2008 duas grandes empresas se juntaram para montar um projeto que seria inovador. A Panasonic, empresa do ramo de eletroeletrônicos e que entrou no mercado fotográfico por conta da tecnologia digital, e a Olympus, empresa com décadas de experiência na construção de câmeras fotográficas. Ambas as companhias já tinham sua linha de câmeras fotográficas digitais, mas elas queriam um pouco mais, ousar em um sistema que não sofria mudanças nos últimos 60 anos: as câmeras reflex.
A proposta era muito simples. A base da nova câmera seria um equipamento reflex, mas seriam retirados o sistema de espelho e o visor ótico da câmera. Sem o espelho a lente poderia ficar mais perto do sensor, o que diminuiu o tamanho da câmera e o tamanho da própria lente. O visor ótico foi substituído por um visor eletrônico, ou visualização da imagem no próprio LCD da câmera, o que deixou o equipamento ainda mais compacto. Foi mantido o sensor de tamanho grande e todos os recursos avançados do equipamento. Pronto, temos aqui as primeiras câmeras Mirrorless (sem espelho) da história.
Olympus e Panasonic trabalharam com o sensor micro-quatro-terços que a Olympus já utilizava em suas câmeras reflex da linha E-volt. Esse sensor possui metade do tamanho de um fotograma de 35mm. Logo, outras empresas apostaram no formato, pois eliminava partes mecânicas e óticas das câmeras. Tivemos ótimos equipamentos da Samsung, Fuji e da Sony que, ao contrário das empresas que inventaram o formato, investiram em sensores do tamanho APS-C para suas primeiras câmeras.
Infelizmente, embora as câmeras mirrorles sejam menores e com menos partes móveis, o preço não acompanhou essa nova realidade e, geralmente, os equipamentos são mais caros do que uma reflex intermediária. Depois de 13 anos dos primeiros lançamentos é sábio dizer que o futuro pertence a esse tipo de câmera. Mesmo tendo devorado a entrar nesse mercado, os dois maiores fabricantes de câmeras fotográficas do mundo estão apostando todas as suas fichas nas câmeras mirrorless. Canon com a linha R e Nikon com a linha Z. Porém, conseguimos perceber maior ousadia da Canon com várias câmeras lançadas e seus planos de acabar com a linha de lentes reflex nos próximos anos. Porém, a cartada mais ousada é a promessa de uma câmera mirrorless da linha R para os próximos meses com valor abaixo de US$ 800,00.
Câmeras fotográficas Rangefinders
Essa é uma categoria de câmeras que está ficando cada vez mais rara, mas foi muito popular na década de 70. As câmeras rangefinders não são câmeras relfex, mas possuem a opção de trocar a lente do equipamento. O que diferencia as rangefinders das demais câmeras é o seu sistema de foco. Em vez de mostrar se a imagem está nítida ou não no visor ótico, as rangefinders medem a distância entre a câmera e o objeto fotografado através de um telêmetro com imagem dupla.
Funciona dessa maneira. Ao olhar a imagem no visor da câmera, a impressão é que a imagem está duplicada. Você deve girar o anel de foco da lente até as duas imagens se fundirem. Quando isso acontece o objeto está focado. Pode parecer mais complicado do que o sistema das câmeras tradicionais, mas é só uma questão de prática. Esse tipo de câmera fez muito sucesso entre fotojornalistas nas décadas de 60 e 70 por serem equipamentos leves e, acima de tudo, silenciosos. Henri Cartier Bresson, considerado o maior fotógrafo de todos os tempos, fez a maior parte de seu trabalho com uma Leica rangefinder.
Várias câmeras mirrorless da atualidade se inspiraram no design das câmeras rangefinder (como a Olympus Pen-F, a Fuji X-Pro2 ou a Sony A6500), mas a Leica é a empresa mais famosa a produzir esse tipo de câmera no formato digital, tendo como representante a Leica M10-d ou a Leica M Monochrom.
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Hoje, com o estado atual do desenvolvimento da tecnologia, é muito complicado apontar equipamentos melhores ou piores. Todos apresentam, no mínimo, qualidade aceitável de imagem. Brigas entre marcas, muito comuns em grupos e fóruns de fotografia, são em sua maioria brincadeiras, pois todas as câmeras vão produzir boas imagens. Isso é ótimo, pois deixa o fotógrafo livre para pensar na fotografia, o que realmente é importante.
Muitos podem dizer que não falei dos smartphones como equipamentos fotográficos, mas fiquem tranquilos, pois teremos um texto só sobre eles.
Na próxima segunda continuaremos nosso curso de introdução com um texto muito legal sobre as lentes fotográficas.
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