Edu Falaschi já é uma figurinha carimbada no Heavy Metal nacional. Ficou mundialmente famoso por fazer parte da segunda formação do Angra, onde se mostrou um grande vocalista. Antes disso, ele era vocalista do Symbols, onde não era um vocalista espetacular, mas já demonstrava imenso talento. Mas, o rapaz evoluiu e quando chegou no Angra já era um cantor de qualidade inquestionável. Tive o prazer de ver um show do Symbols e gostei muito de sua presença de palco e simpatia. Anos depois vi ele em um show do Angra e pude perceber toda sua evolução.
Depois de sair do Angra (em uma treta que rende conversa e explicações até hoje), ele se aventurou por álbuns de covers, um DVD cantando músicas do Angra e no mês de Maio de 2021 foi lançado o seu primeiro disco solo intitulado Vera Cruz. O disco foi bancado pelo próprio cantor e vendido em seu site diretamente para o consumidor. Aliás, uma jogada bem interessante. Em um momento em que a mídia física perde espaço no Brasil, as bandas conseguirem produzir e vender diretamente para seu fã significa eliminar intermediários, mas também exige que o grupo faça o investimento de produção. Fontes indicam que Vera Cruz necessitou de um investimento de R$ 100 mil para ser viabilizado.
O disco é temático e conta uma história envolvendo a época do descobrimento do Brasil e transita por antigas sociedades, elementos místicos e batalhas contra invasores. Ou seja, o bom e velho Heavy Metal. Muitos dizem que o disco está muito parecido com o Angra e o próprio Edu Falaschi não nega essa semelhança. Segundo ele, o Angra fez parte de sua carreira e os elementos trabalhados em sua passagem pela banda também fazem parte desse novo disco. Porém, já vi pessoas indicando que esse disco é mais Angra do que o Angra da atualidade, visto as mudanças que a banda passou nos últimos anos.
Fora comparações, não podemos negar que o disco é muito legal. Edu voltou a usar toda sua técnica vocal depois de se recuperar em um problema na garganta e o impacto que tive ao ouvir esse disco foi o mesmo de ouvir pela primeira vez o disco Rebirth de 2001. Na realidade me surpreendi com a velocidade de algumas músicas que chegam no mesmo patamar de um Dragon Force. Mas, também temos as músicas lentas e mais emotivas que acabam conferindo um equilíbrio bem interessante para o disco.
Destaque para as músicas The Ancestry (que abre o disco após a introdução e já mostra toda a velocidade dos instrumentais), Skies in Your Eyes (a primeira balada do disco), Crosses (uma pegada bem melódica) e Land Ahoy (com um refrão bem grudento e poderoso). Duas participações especiais devem ser destacadas. Max Cavalera empresta sua voz de urso com garganta inflamada na música Face of the Storm, sendo que essa é a primeira participação que o vocalista faz em um disco de Metal Melódico. E a segunda participação é mais inusitada, pois temos Elba Ramalho na música Rainha do Luar em uma performance espetacular. Lembrando que não chega a ser uma novidade esse crossover com a MPB, já que o Angra trabalhou com Milton Nascimento em Temple of Shadows, mas é uma surpresa muito bem vinda.
Fazem parte da banda que acompanha Edu Falaschi o guitarrista Diogo Mafra, o guitarrista Roberto Barros, o baixista Raphael Dafras, o baterista Aquiles Priester (também ex-Angra) e o tecladista Fábio Laguna (ex-Angra e Hangar).
O disco foi vendido em várias versões no site oficial do cantor (e algumas já esgotaram), mas ainda é possível comprar a versão normal com slipcase e a versão e vinil duplo. Corre antes que acabe. O disco também está disponível nos serviços de streaming.