Ontem, acompanhando alguns canais de rock no twitter, alguém lembrou que o disco Theater of Fate da banda brasileira Viper estava completando 30 anos de idade. Claro que levei um susto, pois o tempo está passando muito rápido e as coisas ficando velhas, inclusive eu. Eu comprei esse disco do Viper quando tinha 14 anos, dois anos depois de seu lançamento. Lembro bem disso. Estava começando a ouvir música pesada e comprar discos na época era complicado por conta do valor. Os dois primeiros discos na estante foram Arise do Sepultura (lançado em 1991) e esse do Viper (de 1989, mas adquirido em 1991).
As duas bandas não possuem muito em comum musicalmente, mas eram duas bandas brasileiras com um trabalho interessante e reconhecido mundialmente. Depois de um disco de estréia com muita energia, mas pouca produção, o Viper colocava no mercado esse Theater of Fate alinhado com o Heavy Metal ultramelódico e mirando o público do Japão. O disco contava com uma produção muito mais profissional e composições melódicas com instrumental limpo e a voz incomparável de André Matos (ouça nosso podcast falando sobre a morte do cantor). Impossível não destacar a influência clássica em todas as músicas, o que já mostrava um pouco do direcionamento que o vocalista iria seguir em toda sua carreira.
Acho que não é possível destacar apenas algumas músicas, pois todas são muito boas. O típico disco que ouvimos do começo ao fim sem pular nenhuma música. Lembrando que, na década de 80, os discos de vinil tinham uma limitação de tempo em relação à qualidade. Era possível colocar até 30 minutos de música em cada lado do bolachão, mas isso afetava um pouco a qualidade sonora da produção. Por isso que a maior parte dos discos possuíam em média 45 minutos de duração (22 minutos de cada lado, ou 4 músicas). Esse disco do Viper possui 35 minutos de duração.
Embora todas as músicas sejam muito boas, temos uma que virou clássico dentro do meio metal tupiniquim. Estou falando da semi-balada Living for the Night, que praticamente todo mundo sabia cantar. Mas, o disco segue com ótimas composições como At Least a Chance, To Live Again, A Cry from the Edge, Theatre of Fate e a extremamente animada Prelude to Oblivion (uma das músicas que mais gosto da banda). O disco fecha com a incrível Moonlight, música baseada na composição Moonlight Sonata de Beethoven.
Esse disco é bem importante na carreira do Viper. Abriu as portas para o mercado internacional e mostrou que o Brasil tinha capacidade de gerar ótimas bandas de Heavy Metal. Infelizmente foi o último disco com a participação do André Matos nos vocais. Depois de sua saída, a banda mudou radicalmente de estilo, chegando até a flertar com o Punk Rock com o álbum Coma Rage de 1994. Além de André Matos no vocal e piano, completavam a banda em 1989 Pit Passarell (baixo), Yves Passarell (guitarra), Felipe Machado (guitarra) e Sérgio Facci (bateria)
Theatre of Fate foi relançado em CD em 1997 pela Paradoxx em uma versão contendo também o primeiro disco da banda, o Soldiers of Sunrise de 1987. Eu tenho essa versão e as músicas foram muito bem transferidas para o formato digital e garantem a diversão do fã de música pesada melódica. Tanto o CD quanto o vinil podem ser encontrados em sebos ou no Mercado Livre.
Em 2015 a banda fez uma reunião em São Paulo que resultou no álbum ao vivo To Live Again. Vejam abaixo o Viper cantando Living for the Night.