Não é raro eu dar aulas de fotografia e os alunos acharem que é necessário possuir todos os acessórios possíveis para começar a fotografar. Eu digo que não, que você vai acumulando as coisas com a passagem do tempo e que as coisas que uso hoje foram adquiridas ao longo de 23 anos de carreira. Mas, se eu não tenho todos esses equipamentos, como posso fotografar? Simples, usando a criatividade, a inventividade e conhecimento da técnica fotográfica.
Quando comecei na fotografia, em 1997, eu realmente queria fotografar em ambientes muito parecidos com o estúdio. Mas, eu não tinha lugar e nem equipamentos de iluminação para isso. Mas, comecei a pesquisar em livros formas de iluminação e descobri que muita gente fotografava com luz contínua. Então, comecei a montar uma gambiarra. Comprei dois iluminadores de jardim, montei cabos de alimentação e mandei jatear com areia os vidros dos iluminadores para que a luz fosse mais difusa. Com essa gambiarra, junto com lâmpadas de 200W, montei meu primeiro kit de iluminação. O local foi a garagem da casa do meu pai e o fundo infinito foi montado com tecido Oxford preto. Não era uma coisa perfeita e as limitações eram gritantes (precisava de ISO alto e grande abertura de diafragma), mas fiz muitos ensaios com esse conjunto e aprendi muito sobre iluminação e direção de modelo nesse cantinho.
Então, é possível montar sistemas de iluminação utilizando equipamentos disponíveis no mercado e gastando uma fração do que custaria um equipamento fotográfico. Hoje existem iluminadores de led com luz mais forte, que consomem pouca energia e geram pouco calor. Muitos alunos montaram esse tipo de sistema em estúdios, de forma fixa nas paredes ou em tripés. O resultado é muito bom. Algumas vezes, o equipamento não fica bonito, e para alguns clientes a aparência pode ser impactante, mas o resultado na foto é perfeito. O que importa é o seu conhecimento da técnica e não a aparência do equipamento.
Nesse fim de semana e meio que voltei aos meus tempos de estúdio gambiarra. O ensaio foi da cosplayer Sah Wayne aqui de Presidente Prudente e, segundo a concepção dela, deveria ser feito em ambiente de estúdio. O problema é que atualmente eu não tenho estúdio. Por conta dos problemas a quarentena e da pandemia a maior parte dos pequenos estúdios fecharam suas portas, e comigo não foi diferente. Então o desafio foi montar um estúdio em um local normal.
O fundo infinito, que ela queria preto, foi meu velho tecido Oxford, e foi montado na cozinha da casa da modelo. O legal do Oxford preto é que se a modelo estiver a pelo menos 1 metro dele, diminui muito a possibilidade de perceber a sua textura. Na foto temos apenas um preto infinito, a não ser que a luz do flash vaze para o tecido. Esse fundo foi montado com dois suportes e um varão de cortina. A iluminação foi feita com dois flashes compactos dedicados da marca Yongnuo (sim, os chinesinhos). A luz principal foi colocada em um tripé em ângulo de 90º e a luz secundária foi colocado em ângulo contrário atrás da modelo. A luz frontal teve um difusor e a luz de trás foi crua e sem modificação.
O disparo foi em TTL (no automático) através do sistema da câmera. O flash principal não teve compensação de carga, mas o flash secundário estava regulado para -3EV. A câmera foi a Canon EOS 7D e a lente utilizada a EF-S 60mm f/2,8 Macro. O resultado vocês podem ver ao longo desse texto. A intenção era um clima BDSM, mas com uma pegada de inocência. O resultado me agradou muito.
Meu nome é Gilson Lorenti. Sou fotógrafo e professor de fotografia em Presidente Prudente-SP. Para saber mais sobre os cursos de fotografia é só clicar nesse link.