Nessa semana estava ouvindo o podcast Liga da Justiça do amigo Nick Ellis sobre a série “As Belas Maldições” da Amazon quando o Cardoso citou que a onda de anjos malvados na cultura Pop começou com o filme The Prophecy. Na hora que ouvi isso minha mente viajou para o passado, pois fui um grande fã dessa saga. Infelizmente o filme não fez um sucesso colossal, mas tem um fiel grupo de fãs que acompanharam sua premissa e imaginaram um cenário celestial muito mais brutal e sem esperanças.
O filme foi lançado em 1995 e trazia uma história fora do comum quando o tema era Anjos. Depois do sacrifício de Jesus Cristo, os homens foram elevados acima de toda a criação e ganharam algo até então inédito no universo: uma alma. Porém, alguns anjos ficaram enciumados dessa elevação da humanidade acima deles e, com a liderança do Arcanjo Gabriel, causaram uma segunda guerra civil no paraíso. Como as duas facções em guerra não conseguiram subjugar a outra, essa guerra dura até os dias de hoje. Enquanto o impasse durar, nenhuma alma pode entrar no paraíso, então todas as almas jazem ainda na Terra vagando.
Sabendo que os homens conhecem mais sobre guerra e destruição do que qualquer anjo, Gabriel descobre uma maneira de roubar a alma mais negra da Terra e utilizar ela para liderar seus exércitos contra os anjos leais a Deus.
Essa é, basicamente, toda a história principal do filme. Embora seja tudo muito legal, a produção é o que poderíamos chamar de filme B. Grande parte da força da história é ter Christopher Walken como Anjo Gabriel. Sua interpretação, que beira o caricato, é impressionante e nos deixa colados na tela esperando todas as cenas em que ele aparece. A coisa é tão desproporcional que você acaba torcendo por Gabriel. Junto a ele temos Elias Koteas, como um ex-padre que agora é policial e esbarra nessa guerra entre anjos, Virginia Madsen, uma professora primária tentando salvar uma de suas alunas, e Viggo Mortensen como Lúcifer.
Partes extremamente bacanas do filme são o desprezo de Gabriel pela humanidade (chamando a todos de macacos falantes), mas ao mesmo tempo precisando de escravos humanos mortos vivos para tudo, pois, entre outras coisas, ele não sabe dirigir, e a ideia de que na Terra os anjos não são imortais, mas para matá-los é preciso arrancar o coração. Mas, não se impressione muito, pois o roteiro possui furos gigantescos e a maior parte das interpretações do elenco de apoio é sofrível. Mas, recomendo que você dê uma olhada. Esse filme realmente pode ser o início dessa onda de anjos vilões que temos na TV, cinema e literatura. Entre possíveis obras que beberam dessa fonte podemos citar Legion (2010), a série de TV Sobrenatural, e até a saga literária de Eduardo Spohr que começou com A Batalha do Apocalipse (2007).
No Brasil o filme teve o nome de Anjos Rebeldes. Foi lançado em DVD nas terras tupiniquins e não existe, até o momento, a possibilidade de um Blu-Ray em terras nacionais. É possível achar em boas condições no Mercado Livre ou até mesmo no Youtube. Só indico que vejam a versão legendada. A dublagem nacional ficou muito ruim e tira toda a força da interpretação de Christopher Walken. O filme teve duas continuações. Anjos Rebeldes 2 chegou aos cinemas em 1998 e vale a pena ser conferido. Uma continuação digna do primeiro, embora tenha que subverter a história para trazer Gabriel para a continuação. E Anjos Rebeldes 3, lançado em 2000, que mostra uma conclusão para a saga e uma redenção para o Anjo Gabriel.
Infelizmente, o terceiro filme da saga nunca foi lançado em DVD no Brasil, sendo possível encontrar o VHS. Mas, assim como o primeiro filme, você consegue encontrar na íntegra em HD (720 pixels) no Youtube.