Parece que foi ontem, mas esse projeto aconteceu há 10 anos. Eu estava um pouco frustrado com a fotografia de nu artístico. Encontrar pessoas aqui no interior para participarem dos projetos não era problema, mas a maior parte delas não permitia que as fotos fossem postadas ou divulgadas. Entendam, interior do estado com um moralismo bem enraizado. Fazer um trabalho bacana e não poder mostrar para ninguém era bem frustrante. Então, decidi que meu próximo projeto seria algo que não revelaria a identidade da pessoa que estava sendo fotografada. Na mesma época eu estava bem impressionado com algumas fotos feitas com projeções de imagens feitas sobre corpos nus. Achei muito legal e queria fazer algo parecido.
Foi assim que nasceu o projeto de nu artístico chamado Espírito na Pele. Eu utilizaria a projeção, que não é nada inovador, mas daria um sentido específico para as imagens a serem produzidas. Lembrando que todo ensaio fotográfico necessita de duas coisas. A primeira é uma unidade formal, ou seja, a técnica, a forma de fazer. No caso desse ensaio as fotos seria projetadas com um projetor multimídia da Epson com resolução 800×600 pixels (é o que eu tinha na época) e as fotos seriam feitas com uma câmera digital e uma lente 50mm f/1,8. Então já decidi como o ensaio seria do ponto de vista da forma. Agora, a segunda coisa que eu precisava, era de uma unidade temática. Ou seja, preciso contar a mesma história em minha série de fotos. Decidi trabalhar com personalidades. Foram 10 modelos que posaram para esse ensaio. Antes de cada sessão fotográfica eu tinha uma conversa com cada uma das modelos e fazia algumas perguntas. Depois eu produzia imagens que combinassem com a minha interpretação da personalidade de cada uma. Por isso algumas possuem projeções mais coloridas e outras projeções mais ásperas. E veio dessa metodologia o nome Espirito na Pele.
Levei um ano para terminar todos os ensaios (problemas em conciliar a agenda das modelos e da equipe). A produção das fotos que seriam projetadas foi mais complicada e demorada do que os ensaios. As modelos ficaram nuas em frente a uma parede branca e projetei as imagens sobre essa parede com o projetor da Epson. A intenção era criar imagens que se fundissem com os corpos e criassem figuras abstratas, mas que os corpos ainda fossem identificáveis. Uma outra característica, e que facilitou a escalação de tantas modelos para o projeto, foi o fato de que os rostos delas não apareciam nas imagens.
O projeto foi finalizado e rendeu duas exposições aqui na cidade. Uma no Museu Municipal e outra nas dependências da Oficina Cultural Timochenco Webhi. Porém, a parte mais bacana é que inscrevi o ensaio no Mapa Cultural Paulista de 2014. O Mapa Cultural Paulista era um concurso patrocinado pela Secretaria Estadual de Cultura onde o objetivo era mapear a produção cultural do Estado de São Paulo. O concurso possuía 3 fases: municipal, regional e estadual. O projeto ganhou a etapa municipal e a etapa regional. As fotos foram expostas em São Paulo na final do concurso. Infelizmente não fiquei entre os 3 primeiros, mas já foi uma incrível vitória.
Deixo abaixo 8 fotos desse ensaio. Se quer ver mais do meu trabalho de nu artístico, então também pode dar uma olhada nesse texto onde destaco as 10 fotos que mais gosto em meu acervo.
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