Eu tenho uma tradição muito forte dentro da música e que já venho realizando há mais de 10 anos. Como não gosto de carnaval, então passo os dias dedicados a essa festa ouvindo blues. Pode parecer heresia um brasileiro não gostar de carnaval, mas posso afirmar que existem muitas pessoas na mesma condição que eu.
Meu ritual começa no sábado assistindo a um filme que fez parte de minha infância. The Blues Brothers, ou como é conhecido no Brasil, Os Irmãos Cara-de-Pau. Para quem possui mais de 40 anos, vai lembrar que o filme era um dos que foram repetidos à exaustão na Sessão da Tarde da Rede Globo, mas a história é muito bacana. No filme, os irmãos Jake e Elwood Blues devem correr contra o tempo para juntar a antiga banda e conseguir salvar o orfanato em que foram criados. Mas, já escrevi sobre o filme no Meiobit em 2017, então se quer saber mais sobre essa aventura é só clicar aqui e ver o texto.
Para 2020, selecionei 4 álbuns para ficarem rodando na vitrolinha. São dois clássicos e dois discos novos que adquiri recentemente. Lembrando que não sou um grande conhecedor de Blues, apenas ouço aquilo que me anima e toca a alma. Mas, acho que essa seleção vai fazer bem para todo mundo que gosta de boa música.
The Robert Cray Band – Who’s Been Talking
Lançado em 1980, esse foi o primeiro trabalho de Robert Cray e sua banda. Conheci o disco uns 20 anos atrás na casa de um amigo. Na realidade, eu ouvi a música I’m Gonna Forget About You em uma coletânea de Blues e fiquei completamente apaixonado pela batida da canção. Fui atrás do álbum e não me arrependi. Um disco animado, com guitarra aguda e penetrante e a voz incrível de Robert Cray. Considero ele uma das grandes lendas do Blues e que ainda está em plena atividade. O disco possui apenas 35 minutos de duração e a versão em CD não é muito fácil (e nem barata) de achar no Brasil. O vinil foi lançado em terras tupiniquins e é fácil de achar por um preço baixo. Outras músicas de destaque são Too Many Cooks, Who’s Been Talkind e That’s What I’ll Do. O disco também está disponível no Spotify.
Buddy Guy – Bring ‘em In
Buddy Guy é um de meus artistas preferidos. Blues bem tocado e estridente. Esse disco foi lançado em 2005 e foi o primeiro disco dele que comprei. Me foi apresentado por um amigo e na mesma hora fiz uma cópia para levar para casa. Depois consegui o original para ter na estante. Nesse disco temos uma guitarra primorosa e a voz característica de Buddy Guy em uma mistura de sussurro e melodia. Destaque absoluto para as duas baladas que fazem parte da obra. Ain’t No Shunshine, com a participação de Tracy Chapman, e I’ve Got Dreams to Remember, que teve a participação de John Mayer. O disco segue com ótimas canções como On a Saturday Night, I Put a Spellon You e Now You’re Gone. Vale a pena procurar o disco e ter em sua coleção. Também disponível no Spotify.
kingfish – Kingfish
Lançado em 2019, esse disco do Kingfish foi classificado por muitos críticos como um dos melhores álbuns do ano. O que temos aqui é um Blues com batidas bem rock’n roll, mas com um pé fincado forte no passado. Podemos ver essa junção entre o novo e o clássico na música Fresh Out com a participação de Buddy Guy. Uma característica bacana é que o vocal possui tanta importância quanto os fraseados de guitarra. Uma boa novidade no mundo do Blues. Christone “Kingfish” Ingram é um jovem de apenas 21 anos e esse é seu primeiro disco. Creio que ele ainda vai nos brindar com muitas coisas boas no futuro. Destaques para Outside of this Town, If You Love Me, Believe These Blues e That’s Fine By Me.
Billy F Gibbons – The Big Bad Blues
E o Reverendo Billy F. Gibbons, também conhecido por ser o vocalista do ZZ Top, lançou em 2018 o seu segundo álbum solo contendo 11 músicas carregadas de Blues e Rock’n Roll. O que temos aqui são guitarras primorosas, batidas dançantes e a voz meio rouca de Gibbons levando todas as músicas. O álbum só tem um defeito. Ele é muito curto, pois são apenas 39 minutos de músicas. Destaques para My Baby She Rocks, Stand Around Crying, Bring it to Jerome e Hollywood 151. É só colocar para tocar e balançar o corpo.
Essa é minha seleção para 2020. E vocês, o que gostariam de ouvir? Deixem suas opiniões nos comentários. E até 2021.