Fotografia é, basicamente, luz. O próprio nome já entrega essa verdade. Foto quer dizer luz, e grafia significa escrever. Embora possa parecer uma definição um pouco romântica, escrever com a luz é o que todo fotógrafo faz, mesmo que você não tenha a mínima noção de como isso funcione. Para existir fotografia é necessário existir luz, mesmo que você não a veja. Pode parecer um conceito estranho para fotógrafos, mas gosto de destacar nas aulas que existe uma quantidade expressiva de fotógrafos no mundo simplesmente não conseguem ver a luz. Eles são cegos e, mesmo parecendo serem incompatíveis com o ato fotográfico, eles existem, e fazem trabalhos extraordinários. Os Blind Photographers (procure o termo no Google) utilizam suas câmeras para fotografar as sensações capturadas pelos outros sentidos. Cheiros, sons, texturas são registrados apenas apontando a câmera para a direção da sensação e apertando o botão disparador. Uma aula de como fotografar utilizando o corpo e não a visão.
Para ser um bom fotógrafo você deve entender e dominar a luz, independente do equipamento que esteja utilizando. Ao longo de todos os textos dessa pequena tentativa de explicar de forma básica a fotografia, é isso que tentaremos ensinar ao leitor. Se você entender a luz, e como ela se comporta, não importa qual equipamento você está usando (de uma lata de alumínio a uma médio formato digital), você vai conseguir explorar toda sua capacidade criativa.
Para fotografar, você precisa compreender que a luz possuí intensidade, qualidade e cor. Vamos falar sobre esses conceitos de forma simples e explicativa.
Luz e a intensidade
Toda luz possui uma intensidade. Ela pode ser mais forte ou mais fraca. Se você já teve a possibilidade de trabalhar com projetos de iluminação, ou decoração de interiores, sabe que a intensidade da luz pode ser medida em Lúmen (fluxo luminoso), Lux (nível de iluminância) ou Candela (intensidade Luminosa). Porém, na fotografia, utilizamos um outro fator de medida, o EV (Exposure Value, ou Valor de Exposição), que alguns fotógrafos mais antigos podem também chamar de Ponto de Luz.
A luz é medida pelos nossos equipamentos fotográficos através de um acessório chamado Fotômetro que usa equações matemáticas para indicar se temos mais ou menos EVs do que seria necessário para executar a foto que pretendemos. A exposição correta é a quantidade adequada de luz para fazer uma foto e vai ser determinada por três regulagens distintas em nossa câmera. Saber avaliar a intensidade da luz presente é importante para melhor adaptar o equipamento para a fotografia correta.
Cabe lembrar que todas as câmeras fotográficas (digitais ou que utilizam filme fotográfico) estão presas às mesmas regras matemáticas de medição de luz. O que muda é que alguns equipamentos nos permitem ter controle sobre as variáveis de controle de luz e outros fazem isso de forma totalmente automática, sobrando para o fotógrafo apenas aceitar o resultado.
Em capítulos posteriores dessa série de textos vamos aprofundar o tema dos valores de exposição e dos tipos de medidores de luz (fotômetros) que temos a nossa disposição.
Luz e qualidade
Luz também possuí qualidade e esse é um conceito meio complicado de tratar para fotógrafos iniciantes. Quando falamos em qualidade de luz não nos referimos diretamente a algo melhor ou pior. São simplesmente luzes diferentes e que podem ser utilizadas em diferentes situações, dependendo do intuito e do estilo do fotógrafo. A luz pode ser dura ou difusa. Para explicar melhor vamos pensar em alguns exemplos.
Imagine que você está em uma praça ao meio dia. A luz do sol bate em seu corpo e gera uma sombra forte no chão. Essa luz forte, cheia de contraste, que gera essa sombra bem marcada, é o que chamamos de luz dura. Agora imagine que você está na mesma praça, ao meio dia novamente, mas nesse exemplo o céu está nublado. Não existe uma sombra forte no chão e a luz é muito mais suave. Isso é o que chamamos de luz difusa.
Podemos utilizar as duas formas de luz em nossa fotografia, tanto com iluminação natural quanto com iluminação artificial, e não existe uma luz melhor do que a outra. Eu já fiz trabalhos de retratos femininos ótimos utilizando luz dura e também luz suave, cada um cabe em um estilo.
Luz e temperatura de cor
Diferentes tipos de luz possuem tonalidades de cor diferente que chamamos de temperatura de cor. Essa temperatura de cor é medida em graus Kelvin. Toda câmera fotográfica mais avançada possui uma possibilidade de correção manual de temperatura de cor em suas configurações. Câmeras mais simples e celulares tentam fazer essa correção de modo automático.
O objetivo do sistema de correção de cores do seu equipamento é equilibrar essa temperatura para que a cor da luz sempre fique o mais perto possível da cor (temperatura) da luz branca (ou luz do dia). Chamamos essa funcionalidade de Balanço (equilíbrio) de branco. O cérebro humano tem uma grande capacidade em filtrar as diferentes temperaturas e cor das fontes de luz, mas nossas câmeras não conseguem sem uma ajudinha do fotógrafo.
Então, se você está fotografando em um ambiente iluminado por uma lâmpada de tungstênio é necessário regular sua câmera para esse tipo de temperatura de cor. Da mesma maneira, lâmpadas fluorescentes necessitam do mesmo cuidado para a correção da temperatura de cor das fotos.
Você pode interferir no seu equipamento para fazer essa correção já na hora de fazer sua foto, ou pode fazer esse ajuste na pós-produção, na hora da edição em seu computador. A única coisa certa é que deixar a câmera decidir isso através do processo automático não é uma boa escolha, pois existem sérias limitações no sistema que podem levar a uma escolha errada da câmera.
Essas três características da luz são apenas uma pequena introdução. Elas são a base de muita coisa que vou tratar nos próximos textos e vamos aprofundar muito mais esses conceitos. No próximo texto vamos falar dos diferentes tipos de câmeras fotográficas.
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1 thought on “Aprendendo Fotografia – Parte I – A luz e alguns de seus fundamentos para a fotografia”