Quem me conhece sabe que sou quase um audiófilo. Digo quase por não ter paciência de ficar comparando e comprando aparelhos de som considerados hi-end, mas gosto de qualidade sonora e, acima de tudo, gosto muito de música. É um dos fatores que me movem. Acho que o gosto pela música veio com minha mãe em minha infância. Ela tinha um gosto pop, ouvia de tudo um pouco, mas o hábito de ter sempre música em casa me motivou. O nome desse texto, que espero ser uma série aqui no site, envolve um costume que tenho há muitos anos. O de todo dia de manhã, assim que acordo, preparar uma caneca de café e sentar na sala para ouvir música. É uma atividade que dura pelo menos meia hora, independente do dia. Com essa série quero falar um pouco dos discos que ouço e como eles são importantes para mim.
Ritchie Blackmore é uma figurinha carimbada e muito conhecida no mundo do rock. O guitarrista já tocou no Deep Purple e por anos capitaneou sua própria banda, o Rainbow que, entre outros vocalistas, teve no posto o saudoso Ronnie James Dio. Só por essas duas bandas o nome do músico já estaria escrito na história do rock e da música de um modo geral, mas em 1997 a carreira de Ritchie tomaria um caminho totalmente diferente.
Me lembro de chegar na antiga loja de discos aqui da cidade (como eu sinto falta desse ambiente) e encontrar na prateleira de rock diversos um disco de uma dupla chamada de Blackmore’s Night. Achei interessante o nome, por me lembrar imediatamente do guitarrista, mas a capa também era muito interessante. Um desenho em preto e branco que lembrava uma cena medieval. Um menestrel tocando uns instrumento de cordas e uma moça tocando pandeiro em volta de uma fogueira. O nome do disco era Shadow of the Moon. Me interessei imediatamente e fui ouvir um pouco antes de comprar. Foi paixão a primeira ouvida.
A dupla nada mais era do que o guitarrista Ritchie Blackmore em parceria com sua esposa Candice Night. E o que eles tocam nesse disco? Musica barroca medieval. Nada mais do que instrumentos de corda e a voz hipnotizante de Candice Night. O disco começa com a mística Shadow of the Moon e passeia por temas medievais como The Clock Ticks On, Minstrel Hall, Magical World e Renaissance Faire. A guitarra elétrica aparece apenas de forma discreta em duas músicas. A primeira é Writing on the Wall e na balada Wish You Were Here (um cover da banda Rednex). Outro destaque do disco é a música Play Minstrel Play, que conta com a participação da flauta de Ian Anderson da banda Jethro Tull.
Shadow of the Moon fez um grande sucesso na época entre os fãs do guitarristas e de todos os apreciadores de boa música. O instrumental limpo e a voz de anjo de Candice Night são os condutores de todas as 14 músicas do disco. A parceria continuou e a banda lançou mais 9 discos, mas nenhum com a genialidade deste primeiro lançamento.
O disco foi lançado no Brasil e, atualmente, pode ser achado por preços bem interessantes no Mercado Livre (embora as versões importadas possuam uma sonoridade mais encorpada), mas você também pode ouvir toda a discografia da banda no Spotify.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=L3_Uo3mr30A&w=560&h=315]