Esse assunto é velho, pelo menos nos últimos anos. Faz mais de 10 anos que muita gente está dizendo que as DSLR (Digital Single Lens Reflex) serão substituídas pelas câmeras mirrorless. É o caminho certo a ser seguido. Câmeras menores, mais leves e mantendo a mesma ótima qualidade de imagem dos equipamentos reflex. Infelizmente, o preço das câmeras mirrorless não são convidativos atualmente e emperram a entrada de novos usuários. Faltam câmeras de entrada custando menos de US$ 800,00 e boas lentes com relação custo/benefício. Só assim a tecnologia vai realmente decolar.
Mostrando que esse é o caminho que deverá ser seguido por toda a indústria, causou um pouco de agitação no mundo da fotografia as declarações de Fujio Mitarai , CEO da Canon no Japão, para um grande jornal do país nipônico de que a EOS 1Dx Mark III, câmera lançada em fevereiro de 2020, é de fato a última DSLR profissional que a empresa vai lançar. E não é só isso. A empresa também espera encerrar a produção de suas principais câmeras reflex nos próximos anos. As declarações causaram um pouco de rebuliço no mundo da fotografia, mas, segundo a Canon, elas foram retiradas de um contexto mais amplo do artigo. A empresa, em nota oficial, garante que esses são os seus planos futuros, mas que não existem datas estipuladas para o encerramento da produção.
Eu não sei o motivo de tanto alvoroço. Não precisamos de uma declaração oficial da empresa. Basta ver o seu comportamento comercial nos últimos anos. Várias lentes da linha EF e EFs tiveram suas produções interrompidas. Nos últimos três anos a Canon colocou no mercado 7 modelos de câmeras mirrorless (entre as linhas R e M) e 4 modelos de câmeras reflex. No mesmo período foram lançada 19 lentes RF e nenhuma EF ou EFs. Então, mesmo que tenha demorado um pouco, a Canon está mergulhando de cabeça no mundo das câmeras mirrorless, e isso não é ruim.
Independente da tecnologia, câmeras são câmeras. São apenas ferramentas que utilizamos para fazer fotografia. O principal equipamento são os olhos e o cérebro. Isso nunca vai mudar. Aliás, pelo o que tenho visto das câmeras da linha R da Canon, são equipamentos muito bons, com boa representação de cores e sistema de foco automático incríveis. São perfeitas para você continuar fotografando bem.
Porém, duas preocupações são importantes. O preço dos equipamentos é muito alto. Tudo bem que a Canon RP é a full frame mais barata do mercado, mas penso em quem está começando. Na linha de câmeras reflex temos as câmeras de entrada, que são menores, mais lentas e, consequentemente, mais baratas. Elas são a entrada dos consumidores no mundo das câmeras reflex. São importantes para a pessoa sentir se esse tipo de equipamento são para elas, e depois passar para câmeras mais avançadas e rápidas, ou decidir que não necessita de algo mais rápido e aquele equipamento vai servir para ela toda a vida. Precisamos de câmeras mirrorless no patamar das câmeras de entrada das linhas reflex para facilitar a transição para esse mundo.
A segunda preocupação é sobre quanto tempo vamos ter manutenção e peças de reposição para as câmeras reflex. Pouca gente pensa nisso, mas uma câmera refflex é muito resistente. Nós, os profissionais, acabamos utilizando muito o equipamento e desgastando mais facilmente. Mas, no meu caso mesmo, eu tenho câmeras com mais de 10 anos que ainda estão funcionando perfeitamente. Eu tenho uma Canon 7D, lançada em 2009, que ainda utilizo para fotografar e com a qual gravo todos os vídeos do meu canal, e minha esposa tem uma Nikon D40 que foi lançada em 2006 e ainda é o xodó dela. Será que, a pessoa que comprar uma câmera reflex hoje, terá peças de reposição daqui 10 anos? Perguntas para as quais ainda não temos resposta.
Independente disso, o que nos resta é a preparação para abraçar um novo formato e torcer para que os preços baixem. Ou a fotografia com câmeras pode voltar a ser algo elitista, como foi na década de 80 (sim, estou sendo extremo).