E o Edu Falaschi colocou no mercado o seu segundo álbum da carreira solo após sair do Angra. Eldorado chega com uma proposta ambiciosa de continuar a história que começou a ser contada no disco anterior, Vera Cruz, que foi lançado em 2021.
Edu é um artista bem ativo na cena musical. Se tornou conhecido como vocalista da banda Symbols, em 1997, embora não tenha sido seu primeiro projeto. Em 2001 entrou no Angra no lugar do falecido Andre Matos e se tornou um ícone do metal nacional. Depois de algumas tretas, como é normal no Angra, Edu pulou fora e começou uma vencedora carreira solo. Lembrando que ele também tocou o projeto Almah, que aconteceu em paralelo ao Angra, e lançou 5 bons discos.
Eldorado, que chegou ao mercado agora em 2023, é uma continuação temática do álbum anterior. Falando do ponto de vista sonoro, os álbuns seguem linhas quase idênticas, mas Eldorado possuí sua própria identidade. Música grandiosa, arranjos quase épicos e o vocal do Edu está melhor encaixado do que no disco anterior. Acho que aqui temos uma produção que foi bastante positiva para o trabalho vocal. Infelizmente, ainda temos muitas comparações para com os trabalhos realizados por Edu no Angra. A temática e a sonoridade remetem diretamente para o disco Temple of Shadows, mas vejo isso mais como ponto positivo do que negativo.
Quando a primeira música do disco, Tenochtitlán, foi divulgada fiquei um pouco preocupado. Era uma música boa, mas muito comum, seguindo todas aquelas receitinhas utilizadas no powermetal, mas ouvindo o disco inteiro os meus medos não se concretizaram. O enredo leva saga de Jorge (o menino que carrega no peito uma marca em formato de cruz e que, de acordo com uma antiga profecia, irá liderar um exército na luta contra o mal) o personagem principal da história, que no primeiro disco estava envolvido com a colonização do Brasil por Portugal, para o Império Asteca. Junto com essa mudança de território, o disco nos apresenta várias facetas da música latina e elementos da cultura Asteca.
Não podemos deixar de destacar o talento dos músicos envolvidos no projeto. O álbum está melhor mixado do que o anterior, o que nos mostra com melhor clareza todos os instrumentos. A voz de Edu pode não ser tão potente quanto na época do Angra, mas ele sabe trabalhar bem os seus limites. O contrabaixo de Raphael Dafras está muito evidente, o que me deixa feliz, pois o instrumento não costuma ter destaque no estilo de música praticado pela banda. Aquiles Priester continua matador na bateria e mostrando habilidade e rapidez no instrumento. Já o teclado de Fábio Laguna é discreto e bem desenvolvido em todos os momentos necessários. Alguns podem me condenar pelo o que vou falar, mas eu acho que o problema, não muito grande, está nas guitarras. Não há dúvidas sobre o talento de André Barros e Diogo Mafra, mas as vezes sentimos um excesso de virtuosismo. Solos tocados à velocidade da luz nos remetem a bandas que são classificadas como chatas no cenário metal, mas é um pequeno detalhe a ser corrigido em produções posteriores.
Destaques absolutos do disco são Senores Del Mar com sua batida latina e um começo muito bacana cantado em espanhol. A música título, Eldorado, para mim é a melhor do disco e se mostra um incrível épico com um trabalho de violão inspirado. Vale a pena cada minuto. Temos também uma balada açucarada, ao melhor estilo Bon Jovi, na música Sudderly (duvido vocês não se lembrarem de alguma banda de hard rock da década de 80). O disco segue com Reign of Bones, uma música que me fez arrepiar, e fecha com a bombástica In Sorrow, uma música magnífica e impressionante. A versão brasileira tem um bônus, uma música cantada em espanhol chamada Vem A Mi. Essa música não está disponível no Spotify. Um mimo para quem comprou o CD.
Esses são apenas os destaques, mas as outras músicas não citadas também são boas, fazendo o conjunto da obra ser positivo e superior ao disco anterior. Não podemos deixar de falar de toda a incrível arte gráfica do disco, que foi criada pelo artista Carlos Fides.
Mais um incrível disco de metal nacional que chega ao mercado e o fã brasileiro tem a quase obrigação de apoiar esse projeto. Sempre ouvimos a reclamação dos fãs de que no Brasil temos poucos shows ou lançamentos de CDs, então quando algo de qualidade chega ao mercado temos que fazer nossa parte também. Você pode comprar o Eldorado em várias versões nas principais lojas de discos on-line ou no próprio site do Edu Falaschi. O disco está disponível no Spotify, mas sem a música bônus.