Uma notícia muito interessante ganhou as internets na semana passada e traz como um dos protagonistas o gruitarrista Eric Clapton, pessoa que andou falando coisas absurdas sobre vacinas e sobre a necessidade de passaporte vacinal para frequentar locais fechados. Como o nome dele já está associado a coisas que achamos bizarras, então a notícia ganhou um pouco mais de força e repugnância de vários internautas.
A história é mais ou menos o seguinte. Uma mulher alemã, identificada na notícia como Gabriele P. fez o que toda esposa de colecionador de discos faz quando o marido morre: colocou sua coleção de discos a venda no e-bay. Porém, entre os discos havia um CD não oficial de Eric Clapton com uma apresentação ao vivo nos Estados Unidos. Os advogados do cantor entraram na justiça alegando que a mulher estava vendendo pirataria. Em sua defesa, ela afirmou que sabia que o CD era pirata, visto que o marido comprou em uma grande loja de departamentos, mas ela perdeu a ação e foi condenada a pagar honorários advocatícios de 3.500 euros e, se continuar a vender o disco, uma multa de 212 mil euros.
Todo mundo que compartilhou a notícia frisou como Eric Clapton é um monstro e que não tem mais nada a fazer do que perseguir senhoras que estão comercializando um único Cd não oficial em um site de vendas. Mas, podemos ver essa notícia por alguns ângulos diferentes. O primeiro deles é que a Lei de Direitos Autorais existe e na Europa ela é bem cabeluda. Eles levam a sério esse tipo de coisa e, para ser sincero, o músico nem deve saber desses rolos. Isso é coisa de gravadora e seus advogados. Assim como existe um patrulhamento em conteúdos no Youtube isso também existe para todos os aspectos da indústria cultural.
E isso é bom. Cantores, pintores, desenhistas, fotógrafos e todo mundo que trabalha com produção de conteúdo precisa pagar as contas. Se tudo é pirateado então não há motivo para continuar produzindo. Se você quer meu produto então pague por ele. Roubar é crime. No Brasil temos uma ótima Lei de Direitos Autorais também. Aposto que se o processo fosse no Brasil a empresa também ganharia a causa, mas o Juiz não seria tão duro com a senhorinha e daria para ela o benefício da dúvida ao afirmar que não sabia tratar-se de um produto pirata.
Por outro lado, a Europa não sabe brincar e, como eu disse, eles são extremamente rígidos para com esse tipo de coisa. O Cd que ela estava vendendo provavelmente era um Bootleg. São produtos não oficiais e, geralmente, gravações de performances ao vivo de cantores que não foram lançadas oficialmente. Normalmente o pessoal que trabalha na mesa de som desses shows gravam a apresentação e depois lançam como CDs ou LPs não oficiais daquele show. Elas existem há muito tempo, desde a época em que só tínhamos os discos de vinil . Geralmente eles são tolerados, pois não estão concorrendo com um produto genuíno lançado pelo artista. Alguns Bootlegs são tão bons que muitos pensam que são oficiais, como o Maiden in Japan do Iron Maiden que é uma produção totalmente pirata e com acabamento e qualidade profissional.
Direito Autoral é coisa séria. Todo trabalho deve ser remunerado, mas bom senso é importante também em alguns casos.