As pessoas possuem um pensamento bem romantizado do estúdio fotográfico. Sei que existem fotógrafos que trabalham em um ambiente bem organizado e esteticamente bonito, mas se você é um fotógrafo que faz de tudo um pouco (retrato, produto, publicidade) então o seu estúdio tem uma leve bagunça organizada, pois você precisa ter muita coisa, muitos acessórios e tripés para dar conta de todo o trabalho. Mas, o que importa no estúdio é você saber usar as luzes que estão a sua disposição (não importa quantas são) para realizar o melhor trabalho possível. Então, antes de se aventurar no estúdio fotográfico, você precisa saber sobre luz. E a luz possui quatro características bem determinantes: intensidade, direção, cor e qualidade. Então, para dominar o estúdio fotográfico, assim como todo o tipo de fotografia, você precisa entender de fotometria (intensidade), rebatimento de luz (direção), balanço de branco (cor) e a diferença entre luz dura e difusa (qualidade). Você sabendo lidar com essas quatro características já estará na frente de 80% da concorrência.
Porém, o segredo no estúdio fotográfico é saber trabalhar com proporção de luz. No estúdio sempre vamos ter uma luz principal, que realmente vai iluminar o objeto fotografado, e uma luz secundária, que chamamos de luz de preenchimento. Mesmo que você tenha apenas uma fonte de luz no estúdio, ainda trabalhamos com a questão da luz de preenchimento, pois parte dessa luz principal pode ser rebatida e voltar ao objeto como uma luz de preenchimento. Existem dois pecados mortais para quem está começando a fotografar em estúdio e nunca estudou o assunto ou fez um curso específico:
1º Pecado – ter duas fontes de luz e usar as duas na mesma potência. Sim, os iniciantes compram um kit com dois flashes e colocam um de cada lado, no mesmo ângulo (outro erro) e disparam com a mesma potência, eliminando, assim, as sombras. E as sombras são muito importantes para a fotografia, pois são elas que conferem tridimensionalidade para a imagem. A fotografia é um meio bidimensional, e são as sombras que vão conferir profundidade para a imagem. Retrato sem sombra fica chapado, parece foto de RG, você não percebe a real forma do rosto da pessoa.
2º Pecado – não entender as regras de proporção de luz – infelizmente, não basta apenas colocar as duas fontes de luz em cargas diferentes. Existem regras de proporção de luz, ou seja, o quanto o flash principal vai estar mais forte do que o flash secundário. Existem proporções específicas para o tipo de foto que você quer fazer. Isso vai influenciar a quantidade de sombras e o contraste da foto. Na proporção de luz, cada fonte de luz deve ter uma fotometria independente e, depois de determinada a proporção, fazemos uma fotometria com todas as luzes ligadas. Para facilitar esse processo é interessante ter um fotômetro de mão, o que deixa tudo mais confortável e tranquilo, mas é possível fazer no olhômetro e chegar a um resultado bem interessante.
Por exemplo:
Imagine uma proporção 2:1. Isso quer dizer que a fonte de luz principal vai estar com o dobro de carga que a luz secundária (de preenchimento). Então eu ligo apenas a minha luz principal e faço a regulagem dela. Normalmente, o fotógrafo já determina o quanto vai querer de luz. Por exemplo, eu quero que minha luz principal seja um f/8. Então eu vou mudando a distância e a carga do flash até que essa luz seja um f/8 (não sabe do que eu estou falando? Então assista esse vídeo). Se a minha luz principal está em f/8, e eu quero que a luz de preenchimento seja a metade da carga, então agora eu tenho que ligar apenas ela e regular para que ela seja uma f/5,6. Depois de acertar as duas luzes, eu ligo todas e faço a fotometria com o fotômetro das duas luzes ligadas. Assim, eu chego a minha proporção de 2:1. Esse é um conhecimento que não se encontra no Youtube, pois a maioria dos fotógrafos novatos nem sabe que isso existe. As contas vão ficando mais complicadas conforme você aumenta a proporção ou adiciona fontes de luz.
Utilizando essa proporção, que é a mais fácil, eu trabalho com os seguintes esquemas de luz no estúdio.
01 – O primeiro esquema é bem simples, e ele utiliza apenas uma fonte de luz. O resultado é uma luz com muito brilho de um lado, sombras quem demarcadas do outro e muito contraste na foto, o que eu gosto muito e acho bem interessante para fotos em preto e branco. No estúdio eu costumo usar apenas duas lentes. Ou a 50mm f/1,8 ou a 70-200mm f/4. A fonte de luz utilizada é um octobox da triopo de 120cm (esse veio direto da Aliexpress) juntamente com um flash Godox SK3000 II. A câmera não importa, pois em estúdio a quantidade de luz e qualidade da luz é suficiente para utilizar qualquer câmera atualmente a venda no mercado.
02 – O segundo esquema de luz também utiliza uma fonte de iluminação e também vai produzir um resultado bem dramático. Nessa opção o flash está colocado de forma frontal à modelo e acima da cabeça dela, iluminando de cima para baixo, o que causa um degrade de luz no corpo dela (forte no rosto e ficando mais fraca ao longo do corpo). A maior parte dos fotógrafos gosta de utilizar um Beauty Dish como modificador de luz, o que produz uma luz muito dura, mas nessa foto estou usando um refletor parabólico com colmeia. A luz fica até um pouco mais dura, mas gosto dessa dramaticidade na imagem.
03 – Aqui começo a utilizar duas fontes de luz em uma configuração que gosto de chama de luz cruzada. Tenho uma luz principal frontal a 45º da modelo e outra fonte de luz, de preenchimento, exatamente na mesma linha da luz principal, que que atrás da modelo. Elas estão na proporção 2:1 , mas o modificador de luz na parte de trás é menor, o que gera uma luz mais concentrada, levemente mais dura e brilhante, o que pode ser visto no ombro da modelo. A fonte de luz principal é um octabox de 120cm e a luz de preenchimento é um octabox de 60cm com um flash dedicado da Godox. Além de dar um recorte na modelo, a luz na parte de trás também da um destaque ao cabelo da modelo.
04 – Esse tipo de iluminação eu comecei a brincar uns anos atrás e gosto muito do resultado. Duas fontes de luz colocadas do lado da modelo e com a mesma carga. O resultado é uma zona de iluminação bem delineada nos dois lados da modelo e uma zona de sombra no meio do corpo. Ótimo para fotografia em preto e branco, ou de nu artístico. No caso da foto abaixo, os modificadores de luz foram duas sombrinhas de 100cm da marca Greika.
05 – E, por fim, uma variação do esquema de luz anterior, mas esse não fornece muito contraste. As fontes de luz estão levemente atrás da modelo e apontadas para ela. Aqui, foram utilizados dois octobox, o de 120cm e o de 80cm, mas com a proporção de luz 2:1. O fato das luzes estarem vindo de trás da modelo cria as zonas de iluminação do lado do corpo, mas um pouco da luz vaza para o meio do corpo atenuando as sombras na parte central do corpo. Eu gosto do resultado pois fica dramático e pode ser utilizado tanto em fotografia preto e branco quanto em fotografia colorida.
Esses são alguns dos esquemas que utilizo em fotografia de estúdio. Claro que toda regra existe para ser quebrada. Você pode ter a liberdade e criatividade para colocar as suas luzes em qualquer posição, o que vale é o resultado final.
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