Hoje é Dia Mundial do Meio Ambiente, então nada melhor do que falar um pouco de fotografia de natureza, e esse é um tema que tem tudo a ver comigo. Para quem não sabe, a fotografia entrou tarde em minha vida (em comparação aos dias de hoje). Eu tinha 20 anos de idade e estava fazendo o curso superior de Geografia na Unesp de Presidente Prudente (isso no começo da década de 1990). Foi uma viagem de estudos da disciplina de Geologia que me fez ter contato pela primeira vez com uma câmera fotográfica. Então, basicamente, minha primeira experiência fotográfica foi com a natureza. Depois disso ministrei alguns cursos de fotografia de natureza, misturei isso com educação ambiental, trabalhei com professores da rede pública com a questão dos recursos hídricos e fiz muitas fotos em minha vida. Mas, nada de forma profissional (ou seja, ganhando dinheiro). Fotografar a natureza sempre foi uma terapia e, ao mesmo tempo, uma paixão.
Para você que está começando na nobre arte da fotografia, o ato fotográfico possui 3 elementos. O primeiro elemento é a câmera fotográfica (seja ela qual for). O segundo elemento é o olhar, que podemos materializar no enquadramento e na composição. E o terceiro elemento é o objeto, ou seja, o que você está disposto a registrar. No caso da fotografia de natureza, podemos subdividir o objeto em outras categorias como, por exemplo, paisagem, animais, flores, macro fotografia, astrofotografia, etc. E para quem quer trabalhar com esse tipo de fotografia, o registro da natureza pode ser utilizado para banco de imagens, projetos autorais, denúncia de abusos, conscientização ambiental e até para ser vendida como decoração de interiores.
E o fotógrafo de natureza precisa ter um perfil bem específico. Primeiramente é preciso ter amor à natureza junto com muita paciência e humildade. Adicionamos a essa receita o domínio da técnica fotográfica, o conhecimento de biologia, a preparação física e adaptabilidade e muita flexibilidade. Além de tudo, um grande poder de observação e espírito de aventura.
E, para fotografar natureza, precisamos ter alguns cuidados que parecem óbvios, mas devem ser observados com muito cuidado.
01 – Faça um planejamento antes de sair de casa
Essa e uma parte muito importante. Sair para fotografar no meio de uma floresta, parque ou praça, pode ser muito prazeroso, mas deve ser planejado com antecedência. Conhecer o local, as normas de funcionamento e de visitação, os possíveis problemas encontrados, o horário em que você vai estar por lá e ver as previsões climáticas para o dia da visita. Sempre levar água, lanches, chapéu, sapato fechado e confortável, camisa de manga longa, protetor solar e repelente de insetos. Eu também costumo levar uma faca, corda e minha bússola (saber usar a bússola também é importante) e se possível um mapa. Já dizia o velho ditado: seguro morreu de velho.
02 – Escolha o equipamento ideal
Esse é um grande problema do fotógrafo. Acabamos comprando muitos equipamentos e saímos com tudo o que temos. Se você vai andar em uma trilha longa, levar muito peso não é uma boa pedida. Lembrando que você já está levando também os itens do primeiro tópico. Eu costumo levar duas câmeras e três lentes: uma 17-50mm, uma 60mm macro e uma 75-300mm. Junto tenho um flash e um monopé. Ter um tripé seria muito interessante, mas é preciso dar preferência para os modelos de viagem leves e de alumínio. Com essas três lentes é possível fazer quase todas as fotografias de natureza que me proponho.
03 – Conheça a Luz
Isso pode fazer parte do planejamento inicial, saber onde o sol nasce, onde ele se põe e os horários em que isso acontece. Dependendo do que você tem objetivo de fotografar, pode ser que um período específico do dia seja mais propenso.
04 – Conheça sua câmera
Um grande pecado dos fotógrafos, não só os que procuram registrar a natureza, é não conhecer as limitações de seu equipamento. Saber até onde você pode forçar sua câmera é saber explorar o máximo de seu desempenho. Leia o manual de sua câmera exaustivamente e estude todos os controles. O ideal é que você consiga mudar as configurações do equipamento sem tirar o olho do visor ótico. Ser rápido e preciso pode ser o diferencial para a captura de alguns tipos de insetos (borboletas, por exemplo) e animais.
05 – Pare, olhe e escute
Sim, ter paciência é muito importante. Andar lentamente, olhar todos os locais e ouvir com atenção o que acontece na floresta. Alguns pássaros são encontrados por conta de seu canto específico e os insetos e flores podem se esconder em locais obscuros a olhares muito rápidos. Fotografia de natureza não pode ser feita com pressa. Você está lá não só para fotografar, mas também para apreciar.
06 – Saia acompanhado
O interessante é sempre estar acompanhado. Para fotografar natureza nunca faltam voluntários. Você consegue facilmente formar um grupo de fotógrafos em sua cidade para esse tipo de saída fotográfica. Ao andar em zonas naturais você está sempre sujeito a acidentes ou imprevistos. Estar acompanhado, além de ser mais divertido, também é mais seguro.
07 – Pesquise sobre o lugar
Já falamos sobre isso, mas é bom frisar. Sempre pesquise sobre o lugar que você vai visitar. Saiba sobre a vegetação, sobre os animais e a topografia do local. Isso pode preparar você para procurar flores, animais ou insetos bem específicos da região, e também pode ser uma fonte de segurança. Você pode se preparar para possíveis animais perigosos ou insetos venenosos. Saber reconhecer os tipos de aranhas e cobras é muito importante.
08 – Esteja preparado para surpresas
Sim, surpresas do ponto de vista positivo, como também negativos. Estar em um local ainda dominado pela natureza pode gerar situações que não possuem 100% de segurança ou controle. Somos visitantes nesse ecossistema e temos que estar preparados para os processos locais. Os fatores climáticos são, com certeza, os mais imprevisíveis na maior parte das situações.
Essas são apenas pequenas dicas. O importante é pegar seu equipamento, juntar uns amigos, e sair para fotografar e se divertir. A maior parte dessas dicas você pode encontrar no livro Fotografia de Natureza Brasileira: Guia Prático de autoria de Fabio Colombini e que foi lançado pela Editora Photos em 2010. Agora, se você quer ver fotos bacanas de natureza, indico os trabalhos dos amigos Adriano Kirihara, do José Roberto Pireni e do Helder Stapait. Também gostaria de deixar aqui a minha nova galeria dedicada só para fotografia de natureza.