Essa é basicamente a introdução de uma série de textos que vou publicar a partir de segunda-feira (dia 23 de agosto) cujo objetivo é ensinar fotografia. Isso mesmo, um curso básico em forma de textos que serão publicados de forma gratuita aqui no blog. Sigam as publicações para ficarem sabendo de todos os assuntos.
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A fotografia, como a conhecemos hoje, passou por várias revoluções e evoluções até chegar a seu formato atual. A fotografia foi inventada (ou descoberta) oficialmente em 1826 pelo francês Joseph Nicéphore Niépce. Dizemos que a fotografia foi descoberta pelo fato de ser a junção de algumas outras conquistas em vários campos da ciência. O princípio da câmera escura de orifício é o primeiro destes conceitos e este era conhecido desde a época do renascimento, sendo que alguns afirmam que já era conhecido por Aristóteles na Grécia Antiga. Junto a isso tivemos a descoberta de produtos químicos que eram afetados pela presença da luz causando sua destruição e, por fim, as descobertas da ótica que foram importantes para a concentração dos raios de luz dentro da câmera escura de orifício.
Juntando todas essas descobertas tivemos a possibilidade de sensibilizar imagens sobre superfícies (placas de cobre, placas de vidro, papel, filme fotográfico) e com isso mudar a história da arte e da humanidade.
A evolução da tecnologia fotográfica agora encontra-se no estágio da fotografia digital. Não utilizamos mais compostos químicos para capturar imagens, e sim sensores fotográficos que conseguem converter a energia luminosa (luz) em uma carga elétrica que será armazenada em valores numéricos em um cartão de memória. Esses valores numéricos são as imagens (em seus diferentes formatos) que utilizamos em nosso dia a dia.
Existem algumas características fundamentais para entender o momento que vivemos na fotografia. O primeiro é entender a imagem como uma forma de comunicação poderosa. O segundo fator é a universalização da fotografia através dos diversos dispositivos que agora são capazes de capturar imagens e, em terceiro, a agilidade na circulação da imagem. Hoje, esses características são fatores muito importantes para nossa sociedade. Uma imagem capturada em um momento e compartilhada nas redes sociais pode chegar ao conhecimento de milhares de pessoas em poucos minutos. Uma prova disso é a maneira como imagens do Afeganistão e a retomada do país pelo Taleban (agosto de 2021) chegaram ao nosso conhecimento quase instantaneamente e independente de agências de notícias. Nunca se fotografou tanto na história da humanidade. Só as redes sociais mais famosas chegam a receber milhões de fotos por ano.
Porém, a quantidade de imagens produzidas é inversamente proporcional à sua qualidade. Até a década de 90 a fotografia necessitava de algum conhecimento técnico para a sua produção. As câmeras eram complicadas de serem reguladas e o fato do filme fotográfico proporcionar uma quantidade limitada de fotogramas, além do custo financeiro de revelação dessas fotos, levava os futuros fotógrafos a estudarem a técnica para conseguirem produzir imagens satisfatórias com o seu equipamento. As atuais câmeras digitais, principalmente as encontradas nos aparelhos celulares, não exigem conhecimento de fotografia, pois trabalham quase que exclusivamente em um modo automático. Ou seja, nunca se fotografou tanto quanto agora e, ao mesmo tempo, com tão pouco conhecimento de técnica e estética fotográfica.
Depois de muito analisar e pensar, o fato da atual democratização da arte fotográfica me leva a acreditar que estamos passando pela 2º grande revolução da história da fotografia. Ela é marcada pelo fácil acesso de qualquer pessoa a um equipamento que consiga capturar imagens. Isso é um grande passo para o registro da memória coletiva e também da história familiar de um indivíduo. No fundo, existem mais fatores positivos do que negativos na massiva produção fotográfica da atualidade.
Antes da fotografia, quem tinha a possibilidade de ter um retrato seu registrado eram os afortunados que possuíam recursos para pagar um pintor para retratá-lo. O surgimento da fotografia simplificou o processo, mas não o barateou. Fotógrafos profissionais precisavam ter conhecimento técnico e equipamentos que custavam caro. Era necessário entender de luz e de química, já que as placas deveriam ser preparadas momentos antes das fotos. Ou seja, um processo que ainda era muito caro e de difícil acesso para a maior parte da população. É possível ver esse alto valor da fotografia em alguns filmes, em especial em uma produção brasileira chamada Canudos, que foi lançada em 1996. No filme, logo no começo, um dos personagens encontra um fotógrafo lambe-lambe na cidade. Suas filhas ficaram encantadas com o processo fotográfico e pediram para ele que pagasse pela imagem. O personagem, muito pobre, acabou trocando algumas de suas cabeças de gado por uma simples foto.
A 1º revolução da história da fotografia aconteceu apenas em 1888 quando George Eastman apresentou ao mundo o primeiro filme de rolo da história. Eastman, conhecido mundialmente como o fundador da Kodak, colocou no mercado a sua câmera Kodak Black, o primeiro equipamento do mundo a utilizar esse tipo de tecnologia. A Kodak Black, que parecia mais uma caixa de sapato do que uma câmera fotográfica, era vendida com um filme de rolo com 100 poses. Ao acabar de utilizar todas as fotos, o consumidor deveria levar a câmera até uma loja da Kodak que encaminharia a câmera para um centro de processamento. O filme era retirado da câmera, as imagens eram reveladas, a câmera era abastecida com outro filme com 100 poses, e o equipamento, junto com as fotos reveladas em papel, eram devolvidas para a loja onde o consumidor poderia retirar.
Esse é um processo que pode parecer complicado hoje, mas na época foi uma grande revolução. Não era mais necessário a presença de um fotógrafo profissional para o registro de retratos e de cenas do cotidiano. Qualquer um poderia comprar sua própria câmera e registrar sua família, seu trabalho, seus momentos de lazer. Pela primeira vez na história tivemos a possibilidade de conhecer o cotidiano das pessoas comuns, a memória da vida privada. O slogan da Kodak para esse seu lançamento foi um dos mais simples e eficazes da história: “Você aperta um botão e nós fazemos o resto”. Uma curiosidade das câmeras da Kodak é que a moldura das fotos era redonda em vez da tradicional foto quadrada ou retangular.
Essa mudança na tecnologia fotográfica (a criação do filme de rolo) não sofreu grandes aprimoramentos durante as décadas seguintes, sendo que a próxima grande mudança aconteceria apenas na década de 1990 quando a tecnologia digital começou a invadir o mundo da fotografia causando uma nova revolução na maneira de fotografarmos.
O interessante dessa história toda é que a Kodak, uma empresa que fez fortuna apostando na inovação e na quebra de paradigmas, acabou afundando pela sua falta de visão para o futuro. Em 1975 Steven Sasson, um engenheiro de 24 anos que trabalhava nos porões da Kodak, inventou a fotografia digital e criou a primeira câmera digital do mundo. Ele mostrou a invenção para seus superiores, mas ninguém da empresa se animou com a novidade. Estavam todos felizes sendo líderes de mercado na produção de filmes fotográficos. Acharam que nenhum consumidor se interessaria pela ideia. O que aconteceu depois todos sabem, a tecnologia fotográfica digital invadiu o mundo, a Kodak demorou muito para se adaptar e acabou entrando em falência e se tornando hoje apenas em uma sombra da empresa que era.
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