Olha só que briga interessante. Desde que as redes sociais se tornaram grandes e importantes no mundo da internet (e estou falando de Instagram e Facebook) alguns tabus são responsáveis por tirar o sono de algumas pessoas: e um deles é a questão da nudez feminina. A maior parte das redes sociais tem uma política severa quanto à nudez e o ponto mais grave são os mamilos femininos. Qualquer representação de um mamilo é censurada automaticamente pelo algoritmo das redes sociais. As duas redes mais tolerantes em relação a nudez são o flickr e o twitter, mas nos dois casos você avisa de antecedência ao usuário que a foto que está sendo postada contém nudez. Algumas pessoas ficam indignadas com esse fato. Fotógrafos que tem como foco a fotografia de nu sofrem para divulgar o seu trabalho. E, além disso, pessoas que acusam as redes de promoverem preconceito para com o corpo feminino e que nudez é uma coisa natural.
Do lado das redes sociais fica o argumento de que é impossível manter pessoas para moderar o que seria arte ou simplesmente putaria generalizada. Então a solução é eliminar toda a nudez que aparece nas redes, sem fazer distinção entre o que poderia ser arte ou não. Aliás, muito difícil ter que fazer essa distinção. Eu mesmo mantenho contas nas redes sociais e o meu trabalho principal é com fotos de nudez e sensualidade. É preciso uma curadoria detalhada de meu material para não postar nada que possa causar suspensão de minhas contas. Até hoje levei gancho no facebook, mas minha conta do Instagram nunca saiu do ar.
Mas, para quem reclama muito sobre esse posicionamento das redes sociais, existe uma possibilidade de acontecerem algumas mudanças. O conselho consultivo do Meta, que é composto por acadêmicos, políticos e jornalistas, informou à empresa que ela deve rever sua política de censura à seios nus nas plataformas do facebook e instagram, pois ela impede o direito de expressão de mulheres, pessoas trans e não binárias. Eles também afirmam que a mudança é necessária para que as plataformas adotem políticas que sejam regidas por critérios claros que respeitem os padrões internacionais de direitos humanos. A decisão desse conselho foi tomada no dia 17 de janeiro de 2023 mas, infelizmente, nada obriga a Meta de aceitar essas recomendações.
Desde 2012 existe uma campanha nos Estados Unidos chamada “Free the Nipple” que é encabeçada por fotógrafos e artistas que criticam tanto o facebook quanto o instagram por censurarem a nudez feminina. A artista performática e ativista Emma Shapiro explica no Feminist Zine exatamente por que é importante desafiar essas políticas. “As chamadas Diretrizes Comunitárias sustentam há décadas que o corpo nu pertence à atividade sexual ou à arte feita há muito tempo por homens. A consideração do “mamilo feminino” como de natureza sexual relega sua exposição à indecência, independentemente do fato de que todos os corpos têm mamilos”.
A crítica vai muito além da representação do nu feminino, mas também da crítica de que corpos masculinos nus não possuem uma censura tão sistematizada quanto o feminino.
Na minha opinião, se liberar a inserção de imagens de nu feminino nas redes sociais teremos mais fontes de expressão nesse tipo de fotografia, mas você também libera outras coisas que não seriam apropriadas para todos os públicos. Por exemplo, o flickr é tão liberal em suas diretrizes que é possível encontrar galerias inteiras de sexo explícito dentro do serviço. É um app que não tenho coragem de abrir em qualquer lugar, pois você nunca sabe qual a foto que vai estar estampando a página de abertura. Da mesma forma, como restringir esse tipo de coisa em redes sociais mais famosas? Seria um belo abacaxi para a moderação das redes sociais.
Fonte: petapixel