Quando o Instagram surgiu a proposta era simples. Uma rede social baseada no compartilhamento de imagens onde você poderia ir registrando o seu dia a dia para os seguidores. No começo era só para o iPhone, o que causou uma certa elitização do serviço, mas depois uma versão para Android apareceu e tudo ficou mais democrático. Um tempo mais tarde o Facebook comprou o serviço e tudo começou a mudar. Cada vez mais tenho visto pessoas falando mal do Facebook e do Instagram. Fotógrafos já estão com opiniões bem negativas em relação ao serviço. Isso se dá pela maneira como a empresa Meta (dona das duas redes) vem mudando a forma de compartilhar conteúdo.
O Instagram deixou de ser uma rede de fotos e abraçou os vídeos. Cada vez mais a empresa apresenta recursos copiados de concorrentes famosos como o TikTok para poder agradar uma parcela da população que quer consumir informação rápida, com pouco conteúdo e que não precise pensar muito. Fora isso, temos a praga do conteúdo sugerido. Atualmente, segundo a própria empresa, 15% do que o usuário vê no feed do Facebook é conteúdo de contas que ele não segue e são sugeridas como potencialmente interessante pela IA do Facebook. Essa porcentagem de conteúdo sugerido no Instagram é ligeiramente maior. E se você não fica feliz com esse conteúdo não solicitado então se prepare, pois vai ficar pior. Em reunião com investidores do Meta, o CEO Mark Zuckerberg afirmou que essa porcentagem de conteúdo não solicitado vai dobrar até o fim do ano. Então, até dezembro de 2022, cerca de 30% do conteúdo do seu feed vai ser de contas que você não segue. Eu acho isso horrível.
Na semana passada uma grande quantidade de fotógrafos foram ao twitter para reclamar de como o Instagram odeia fotógrafos e criticando a intenção do aplicativo em se tornar um clone do TikTok. Tudo começou com o twitte da fotógrafa Inari Briana que simplesmente apontou que “o instagram odeia fotógrafos”. Esse pequeno comentário logo teve milhares de respostas de outros fotógrafos que também se sentem traídos pela plataforma por não mais priorizar a postagem de fotos e ficar empurrando vídeos do reels como o principal produto a ser oferecido aos usuários.
Concordo que a plataforma está mudando para pior se levarmos em conta quem quer compartilhar e vender fotografia. Mas, eu nunca encarei o Instagram como uma ferramenta para fotografia profissional. Talvez o marketing realizado na plataforma seja interessante, mas faz tempo que o serviço se transformou em um local onde um monte de usuários querem apenas entretenimento rápido. Aliás, esse é o problema de toda rede social. Você não é o dono do lugar, apenas aceita os termos de serviço e o objetivo de cada plataforma vai mudando conforme as modinhas aparecem e morrem. Você apenas aceita. Por isso que é muito indicado que você tenha outras opções de compartilhamento do seu trabalho sendo que, a mais importante, é ter o seu próprio site.
Prevejo que o Instagram ficará cada vez mais insuportável para fotógrafos sérios. Como ferramenta de marketing e venda de serviços ainda é importante, mas será cada vez mais difícil se adaptar às mudanças e continuar relevante para o algoritmo. Para isso, você precisa se adaptar às dancinhas, vídeos ao vivo e conteúdo sem muito aprofundamento.
É o mesmo funcionamento do Spotify que, não importa que sua playlist seja de heavy metal ou de música clássica, eles tratam de enfiar um sertanojo ou um funk bem do nojento no meio dela pois, afinal, eles estão pagando para divulgar esses estercos musicais.