Se você começou a gostar de heavy metal nas décadas de 80 ou 90 então você gosta, ou pelo menos conhece, o Iron Maiden. A banda inglesa lançou seu primeiro disco no começo da década de 80 e caiu nas graças do grande público fazendo parte de um movimento que muitos nomearam como New Wave of British Heavy Metal (N.W.O.B.H.M.). Esse movimento foi um renascimento do Heavy Metal no pais da rainha depois de ter sido dominado pelo movimento Punk na década de 70. Mas, independente da história da banda, estou aqui hoje para falar de um disco específico do Iron Maiden, o Seventh Son of a Seventh Son, que foi lançado em 1988.
Esse disco está sendo alvo de uma pequena polêmica entre alguns canais do Youtube. Tudo começou com um vídeo do Regis Tadeu fazendo uma crítica do disco e dizendo que se tratava de uma obra conceitual. Logo depois vários outros canais fizeram vídeos refutando o Regis e afirmando que ele estava equivocado nessa análise e que, embora todas as músicas tenham um tema como espinha dorsal, elas não contam uma única história e, por conta disso, a obra não é conceitual. Eu acho que essa é uma discussão idiota e que cada um tem sua opinião, mas o que importa é que se trata de um grande disco. A única coisa que realmente me incomoda no vídeo do Regis é que ele afirma que o disco é subestimado e que merecia mais reconhecimento. Estranho, pois todo fã da banda que eu conheço tem reverência pela obra. Tanto que o disco estreou no Reino Unido em primeiro lugar na UK Albums Chart e o primeiro single do disco, Can I Play with Madness, é considerado um grande sucesso comercial chegando ao terceiro lugar no UK Singles Chart.
Em 1988 a banda estava vindo de uma péssima recepção de seu disco anterior, o Somewhere in Time de 1985, por conta da decisão da banda de usar sintetizadores nas guitarras. Os fãs não gostaram e criticaram muito o disco. Então Stevie Harris estava sem ideias para um próximo disco quando acabou lendo o livro Seventh Son de Orson Scott Card. Ele ligou para Bruce Dickinson contando sobre sua inspiração e eles começaram a produzir as músicas. Segundo o relato de Bruce o disco deveria ter sido conceitual, mas a banda não desenvolveu essa ideia, ficando tudo pela metade do caminho. Ele diz que o disco inteiro fala sobre o embate entre o bem e o mal, mas o grupo não chegou a amarrar as músicas em uma mesma narrativa. Aqui nesse disco podemos encontrar os primeiros indícios de influências progressivas na banda, sendo que foi a primeira vez que o Iron Maiden utilizou teclados em suas músicas.
Eu conheci as músicas do Seventh Son of a Seventh Son da mesma maneira que conheci muitas das músicas da banda: através de músicas gravadas em uma fita K7 por um amigo. Sim, minha adolescência foi pobre e não tinha dinheiro para comprar todos os discos que eu queria, mas contávamos com a ajuda dos amigos naqueles tempos préinternet. As três primeiras músicas que conheci foram The Prophecy (que adoro até hoje), Can I Play with Madness (cujo vídeo clipe é incrível) e The Evil That Men Do (cuja letra me enrolo até hoje para cantar). Vários anos depois eu consegui comprar o disco e me deparei com a fodástica Infinite Dreams (onde o protagonista tem pesadelos sobre a vida após a morte), a longa e mística Seventh Son of a Seventh Son e a profética Only the Good Die Young. Infelizmente, não gosto muito da música Moonchild, que abre o disco, mas é uma questão de gosto pessoal e não de um problema muito sério com a faixa.
Destaque para a capa do disco, e também toda a concepção gráfica do encarte interno e juntamente com a capa dos singles que foram criadas pelo desenhista Derek Riggs que, até esse momento, era o responsável pela produção de todo o material gráfico da banda. Segundo Derek a única orientação que a banda passou para a criação da arte da capa foi que “eles disseram que queriam uma das minhas coisas surreais. É sobre profecia e ver o futuro, e nós queremos uma das suas coisas surreais.” O disco abre e fecha com uma pequena frase cantada por Bruce Dickinson apenas com o acompanhamento de um violão e, admito, a primeira vez que ouvi senti um arrepio na espinha:
Nos últimos anos toda a discografia do Iron Maiden foi relançada remasterizada e em formato digipack. Essas versões foram lançadas no Brasil, então você pode comprar o Seventh Son of a Seventh Son ou simplesmente ouvir em sua plataforma de streaming favorita. Provavelmente também está disponível de forma integral no Youtube.