Acho que todo mundo já viu ou ouviu alguma coisa sobre essa loucura que se tornou o NFT. No princípio eu achei uma ideia interessante. Quando vendemos uma fotografia impressa, normalmente determinamos uma quantidade de fotos que serão vendidas. Por exemplo, se eu tenho uma foto que acho que vai vender bem, é determinado que serão vendidas 20 cópias. Cada foto é numerada na parte de trás e existe um certificado garantindo a originalidade e a númeração da foto. Dessa forma, se o trabalho se tornar famoso, o comprador tem em mãos um investimento que pode valorizar com o passar do tempo e o desenvolvimento do artista no mercado. Mas, para isso dar certo, eu preciso garantir que não existirão mais cópias e essa imagem não pode circular pela internet em alta definição.
Pensei que o NFT seria algo parecido, garantindo a originalidade de uma obra que existe apenas no meio digital. Algo que garanta também a exclusividade do uso da imagem. Aliás, as definições que achei na internet dizem absolutamente isso, mas o mercado de NFT foi de interessante à total loucura em pouco tempo. Tudo virou NFT, indo de desenhos, fotos, memes, áudios e o que mais puder circular no meio digital. A grande sacada é que coisas que existem aos milhões na rede viraram NFTs que são indistinguíveis das cópias. Você pode pagar caro por uma imagem e dizer que a sua é original, mas existem milhares circulando na internet com as mesmas características e qualidade. Ou seja, você pode ser dono do conceito, mas não consegue controlar a disseminação do arquivo. Na prática, uma das características que definem valor de uma obra de arte, que é o fato de existirem poucas cópias, ou apenas uma no caso de pinturas, desceu pelo ralo.
Agora o Instagram está de olho nesse mercado insano. Mark Zuckerberg, falando em um painel no South By Southwest (SXSW), afirmou que os NFT estão chegando ao Instagram nos próximos meses. Primeiramente, o intuito é que o Instagram consiga mostrar em sua time line os NFT que os usuários estão adquirindo. Dessa forma você pode transformar o Instagram em sua galeria de arte particular e fazer uma mostra das obras de arte que está adquirindo no formato. O segundo passo, segundo Zuck, é que o Instagram possa cunhar os seus próprios NFTs, dando oportunidade aos usuários de criar suas próprias obras de arte para esse mercado. Segundo alguns meios de comunicação, também existe uma discussão interna na empresa sobre a capacidade dos usuários comprarem e venderem NFT diretamente dentro do Instagram, mas Zuck não falou nada sobre isso em seu pronunciamento.
Como disse, no começo achei a ideia muito bacana. Um certificado digital garantindo autenticidade e exclusividade de uma obra. Mas, até o que não é exclusivo está virando NFT, o que deixa a ideia da coisa muito estranha. Juntando a isso as várias denuncias de falsificação e uso da tecnologia para lavagem de dinheiro deixam o NFT como uma grande incógnita. Talvez a coisa evolua para algo prático para as necessidades dos artistas, ou como várias outras “novidades” do mundo digital simplesmente vai cair no esquecimento. Só o tempo dirá.
Fonte: Petapixel