Música é um dos elementos fundamentais para o ser humano. Existem diversos gêneros e estilos e é muito difícil encontrar alguém que simplesmente não goste de música. A maneira como ouvimos música mudou durante o passar do tempo. Antes de conseguirmos gravar e reproduzir de forma mecânica a música, a única maneira era através da execução ao vivo. Depois veio a tecnologia de reprodução. A forma mais duradoura e revolucionária foi o disco de vinil. Depois veio o CD e, atualmente, temos o streaming.
Quando o CD surgiu no começo da década de 80 (no mundo civilizado), muitos pensavam que seria o fim do disco de vinil. E quase foi mesmo. O CD trazia a possibilidade de execução limpa de uma faixa musical, sem os chiados do atrito da agulha com o disco de vinil, e uma maior qualidade de modo geral. Não era raro ver pessoas jogando fora (no lixo mesmo) dezenas de discos de vinil e dando as boas vindas para a nova tecnologia. No Brasil os CDs chegaram em 1986, quando no mundo civilizado o CD já estava vendendo mais do que os discos de vinil.
Quando o streaming se tornou popular a venda de Cds começou a decair. Na verdade, sendo honesto, as vendas de CDs já eram impactadas severamente pela pirataria. Quando todo mundo achava mais bacana ouvir um MP3 do que comprar um CD, o pessoal começou a se desfazer também dos disquinhos. Alguns foram jogados fora e outros vendidos por preços absurdamente baixos em sebos e nas plataformas de vendas on-line. Cheguei a ver CDs por R$ 3,00 em sebos e por R$ 5,00 em plataformas on line. Mas, parece que as coisas estão mudando.
Nos últimos anos assistimos a uma renovação do interesse das pessoas pelos discos de vinil. Um saudosismo por todo o ritual de colocar um disco no aparelho e ouvir o barulho do contato da agulha com o disco. Os preços dispararam. Tanto aparelhos de reprodução quanto os discos agora estão custando uma fortuna. Não raro vemos discos usados da década de 80 (ou 70) custando mais de R$ 100,00. Pode ser uma moda passageira, mas o mercado é mantido por um pequeno grupo de entusiastas que gosta de ouvir música com qualidade e pela veia colecionista que existe em todo ser humano (se você não coleciona nada é por não ter encontrado a sua praia ainda).
Agora, o que estamos vendo é que essa supervalorização dos discos de vinil está chegando ao mercado de CDs. As pessoas estão redescobrindo o formato e coleções estão se formando. A fabricação do CD não despareceu, mas a venda ao consumidor final diminuiu drasticamente. Mas, o mercado ainda se mantem com os apreciadores da mídia. O que observamos é a valorização de exemplares usados. O que custava R$ 4,00 alguns anos atrás agora é vendido por R$30,00. Uma grande valorização.
A mídia física envolve um ritual. Você precisa de tempo e um local para ouvir as músicas. Um aparelho de som é necessário também. O perfil do colecionador, que encontramos nas comunidades, são de pessoas acima dos 30 anos que cresceram com essa mídia e que apreciam música e, acima de tudo, qualidade na execução da música. O MP3 foi um grande avanço na tecnologia, mas mesmo os arquivos compactados de forma competente perdem qualidade. O colecionador é, acima de tudo, um apreciador da boa qualidade musical. E isso é o que motiva esse mercado.
Se essa “moda” vai durar eu não sei. Mas, os fãs tradicionais vão se manter. A tendência é os novos CDs e discos de Vinil a serem lançados aumentem de preço e, ao mesmo tempo, apresentem opções mais rebuscadas para os fãs. No final, o que importa, é que a música continue existindo e que a humanidade continue apreciando suas qualidades.
——————————
Semana passada lancei o vídeo abaixo no canal do Youtube. Nele eu falo um pouco da valorização dos CDs usados no mercado e mostro os 13 CDs usados que comprei no último ano.