Eu, recentemente, tenho visto alguns vídeos no youtube ainda fazendo a velha comparação entre mídia analógica (os LPs) e as mídias digitais (os CDs) tentando chegar a uma conclusão sobre qual o formato com melhor qualidade de áudio. O problema que a maior parte desses vídeos trabalha apenas com achismos e com a capacidade ou não do autor do vídeo em ouvir os detalhes da música de cada formato, ou da qualidade do aparelho de som que cada um possui para ouvir cada formato e, para quem está assistindo o vídeo, é uma grande perda de tempo, pois não conseguimos perceber coisa alguma. Os vídeos mais técnicos que analisam os formatos sempre colocam o CD como melhor qualidade de áudio, mas os discos de vinil não ficam muito atrás. A grande diferença entre os formatos, na minha opinião, é o aparelho de som onde você vai reproduzir as mídias.
De forma geral, para ouvir os discos de vinil e extrair a maior qualidade deles, precisamos investir em um aparelho de som muito mais caro do que para conseguir ouvir um CD. Vários detalhes técnicos estão envolvidos, mas essa é a verdade. Para ouvir vinil com qualidade similar a um CD você precisa investir muito mais dinheiro. O resto é questão de gosto. Tem gente que vai gostar mais de um formato ou de outro por fatores particulares.
No meu caso, quando troquei os discos de vinil por CD eu percebi um ganho de qualidade absurdo. Mas, isso não se deve por conta da mídia, mas por causa da forma que reproduzíamos os discos. Quando comecei a comprar discos nós só tínhamos os discos de vinil disponíveis. E, a maior parte das pessoas, ouvia esses discos nos aparelhos que costumamos chamar de 3×1. Era possível ouvir rádio, fitas K7 e os LPs no aparelho. Nós não sabíamos na época, mas esses aparelhos eram muito ruins. A execução dos sinais analógicos do LP, por conta da qualidade da agulha e dos componentes desses aparelhos, era muito precária e perdíamos vários detalhes das músicas. Mas, isso eu só fui perceber quando tive a oportunidade de comprar o primeiro CD.
O primeiro aparelho de CD que comprei foi em 1995. Assim como muitos na época, comprei um aparelho modular para ser ligado na entrada auxiliar do aparelho 3×1 que possuía. Esse aparelho era da marca CCE, uma empresa que na década de 90 não era conhecida por produzir aparelhos de boa qualidade. No mesmo dia que comprei o aparelho eu fui até uma loja de discos e comprei o The X Factor do Iron Maiden. Ao colocar o disco para ouvir, tive uma grande surpresa. Tanto a qualidade quando o poder do CD puderam ser sentidos ali, mesmo reproduzindo o disco em um aparelho de som não muito bom. Era possível ouvir todos os instrumentos da banda com muita perfeição, inclusive os sons mais graves, que sempre é o ponto fraco de aparelhos não muito bons.
Porém, a constatação de que a qualidade do CD era superior, pelo menos em aparelhos de som modestos, foi quando pude ouvir CDs de discos que só tinha ouvido em vinil. Aqui vai uma comparação com mais um disco do Iron Maiden. O segundo CD que comprei foi o ao vivo Live After Death que foi lançado em 1995. Embora a diferença de qualidade sonora possa ser sentida em todas as músicas, o que me deixou assustado foi no final da música Running Free. Enquanto o vocalista canta o refrão principal da música, alguém repete as frases em segundo plano. No disco de vinil, naquele mesmo aparelho de som, é inaudível esse segundo vocal cantando. No CD ele é nítido.
Com o tempo percebi que qualidade de áudio para a música é a junção de equipamentos bons com discos bem gravados. Conheci aparelhos de som que conseguem reproduzir discos de vinil com perfeição, mas com valores muito elevados. Hoje eu tenho apenas CDs em minha coleção. O valor do disco é mais baixo e o tenho um aparelho de som modesto que consegue reproduzir esses CDs com a perfeição que me satisfaz. Mas, seja qual for a sua mídia preferida, o que importa é a música e se ela está cumprindo o seu objetivo de deixar as pessoas felizes. Isso é o que importa.