O ciclo da tecnologia, pelo menos dentro da reprodução musical, é muito estranho. Na década de 70 o ápice era o disco de vinil. Era o que de melhor existia na reprodução musical. Na década de 80 chegou o CD com melhor qualidade, melhor durabilidade, e muito mais fácil de guardar. Nos anos 2000 o digital começou a dominar o mundo, o que foi um ponto de mudança para toda a indústria musical (recomendo o livro Como a Música Ficou Grátis do Stephen Witt). Hoje vivemos um mundo onde o streaming domina grande parte do consumo musical, mas temos os saudosistas que resistem e ainda consomem mídia física. Eu sou um deles. Não sou um radical, pois tenho assinaturas em serviços de streaming, mas gosto da qualidade sonora de um CD, da possibilidade de ouvir em um aparelho de som com boa qualidade e sentar no sofá com uma caneca de café e acompanhar as músicas no encarte. Então é um ritual que possui vantagens e a desvantagens. As vantagens é acompanhar os meus discos preferidos sem adulterações ou sem o medo de um dia ele desaparecer dos serviços de streaming. Porém, manter a mídia física é tem um custo financeiro muito mais elevado do que ouvir músicas nos serviços de streaming.
Entre os entusiastas das mídias físicas, os que mais gastam para manter uma coleção são os adeptos dos discos de vinil. A mídia quase desapareceu nos anos 90 e começo dos anos 2000 (em alguns países como o Brasil ela desapareceu mesmo) e muita gente que conheço fica bem impressionada quando descobre que os bolachões ainda são fabricados. Quem coleciona vinil o faz pela nostalgia e pela experiência completa que a mídia proporciona. Não entro na discussão idiota se vinil é melhor que CD, pois acho que são apenas diferentes. Porém, tanto os reprodutores (toca discos) quanto a própria mídia (discos) são bem mais caros do que os CDs. No Brasil, em média, um disco de vinil custa entre R$180,00 e R$300,00. Sei que discos sempre foram caros, mas acho um preço muito salgado. Bons toca-discos também não ficam atrás nos valores e os preços começam em R$ 1500,00 pelos mais baratos e R$ 3500,00 pelos mais encorpados. Não é uma brincadeira para quem não está disposto a gastar uma grana (você pode assistir esse vídeo sobre como começar no mundo da mídia física sem gastar muita grana).
E, dentro do mercado de áudio, temos as empresas que produzem equipamentos de auto padrão, que fornecem equipamentos para o público conhecido como audiófilos. A Linn é uma dessas empresas e, nessa semana, ela anunciou o lançamento de um novo toca discos. O LP12 é um equipamento que a empresa já fabrica há 50 anos e agora, para comemorar esse aniversário, uma nova versão do LP12 chega ao mercado. Esse novo equipamento foi criado em parceria com Jony Ive que foi chefe de design da equipe que criou o iPod. O que esperar da aparência dessa nova versão? Um equipamento com “linhas minimalistas e uma identidade visual típica de Ive, com foco nas interfaces visuais e táteis.” O equipamento estará disponível em duas versões. Uma com cores naturais de madeira e uma segunda versão na cor branca. Um produto feito em madeira de alta densidade e baixíssima ressonância.
O CEO da empresa, Gilad Tiefenbrun, afirma que o LP12 vem recebendo várias melhorias a cada geração desde o seu lançamento na década de 70. Por isso Jony Ive afirma que manteve várias características do aparelho, para que o produto não ficasse totalmente estranho para os consumidores da marca, e que fez apenas pequenas melhorias e mudanças estéticas. O LP12-50 (nome dessa versão de aniversário) é um equipamento com edição limitada. Serão fabricadas apenas 250 unidades e quem quiser ter um em casa precisa fazer um pré-cadastro com a intenção de compra. Infelizmente, o que é bom e exclusivo possuí preço igualmente exclusivo. O LP12-50 será comercializado pela bagatela de US$ 60.000,00, o que daria 293 mil reais em conversão direta.
Acho que vou continuar ouvindo os meus Cds em meu pequeno amplificador.
Fonte: Canaltech