Uma das certezas de nossa vida é a passagem do tempo. Infelizmente o tempo se esvai e nós nos tornamos mais velhos e, um dia, obsoletos. Por isso que gosto de relembrar aqui o aniversário de alguns discos que foram bem interessantes em minha vida de fã. Pois o passado é importante. Sempre deixei claro aqui que não sou crítico musical, sou apenas um fã de música. Tanto que não me coloco a comentar sobre estilos musicais que não gosto. É dentro dessa perspectiva que me lembro, em algum momento 25 anos atrás, quando um amigo me mostrou em sua casa um disco diferente. A capa era toda em preto e branco e o título do disco era Shadow of the Moon. Achei interessante. A banda se chamava Blackmore”s Night e eu não sabia absolutamente nada sobre ela (tempos sem internet).
O que eu estava ouvindo era uma música baseada em violões, com uma temática medieval barroca, e um vocal feminino extremamente agradável. Adorei o que estava ouvindo e o disco entrou automaticamente para minha lista de desejos. Ele não havia sido lançado no Brasil ainda e estávamos ouvindo uma versão importada da obra. Alguns meses depois, uma matéria sobre o disco seria publicada na revista Rock Brigade. O Blackmore’s Night era um projeto encabeçado por Ritchie Blackmore , responsável pelo violão , sanfona , mandola , bandolim , nyckelharpa e guitarra elétrica, e por sua esposa Candice Night nos vocais e instrumentos de sopro.
Ritchie já era conhecido do público do rock pesado. Ele havia sido guitarrista do Deep Purple e do Rainbow, e Candice já tinha feito o back vocal em algumas apresentações do Rainbow. O novo projeto fugia completamente da sonoridade das outras bandas de Ritchie, mas era uma música que acalmava a alma. Tipo de disco para ouvir a noite depois de um dia pesado de trabalho. Outro ponto positivo é que a sonoridade do disco poderia agradar a todos os tipos de público. Tanto os fãs de Heavy Metal quanto outras tribos gostaram das músicas, o que contribuiu para a longevidade do projeto.
Acho que o primeiro destaque que sempre gosto de lembrar é a participação especial de Ian Anderson (Jethro Tull) tocando flauta na faixa Play, Minstrel, Play. A música tem uma batida forte e muito épica, e no final apresenta um ritmo diferente, como se estivéssemos no ápice de uma cena de aventura. O disco possuí músicas que nos remetem ao tema medieval, como a música que dá nome ao disco, Shadow of the Moon, e as incríveis The Clock Ticks On, Magical World e Ocean Gypsy. Também temos uma música que soa completamente diferente das outras. A faixa Writing on the Wall tem um ritmo diferente, quase uma música eletrônica, mas muito legal. O disco fecha com a música Wish You Were Here, que na realidade é um cover de uma banda sueca chamada Rednex. A música é uma balada, bem legal e emocionante. Foge um pouco da proposta do disco, é um dos raros momentos em que uma guitarra elétrica aparece nas canções, mas é a composição que eu mais gosto do disco.
A Shinigami Records lançou no Brasil a versão comemorativa de 25 anos do disco. Temos todas as faixas remasterizadas e remixadas e duas faixas bônus. Versões ao vivo em uma sessão caseira das músicas Shadow of The Moon e Spirit Of The Sea. A minha opinião sincera é que não ficou legal. A capa nova, com uma pegada mais colorida, até que ficou legal. Mas, não gostei da remasterização do álbum. As duas músicas bônus não são um grande atrativo, por conta da baixa qualidade. Aliás, tenho visto muitos discos comemorativos sendo lançados com novas remasterizações do original e com resultados bem negativos. Você pode comprar esse relançamento nacional ou procurar pelo CD original que foi lançado no Brasil também. E por fim você pode ouvir no Spotify. Em um movimento que não é normal na plataforma, as duas versões estão disponíveis. Você pode fazer uma comparação e tirar suas próprias conclusões.
Quando esse disco saiu, todo mundo gostou. Todos pensavam que esse seria um projeto paralelo na carreira de Ritchie Blackmore. Porém, o guitarrista tinha outros planos. O Blackmore’s Night se tornou o a banda principal e já lançaram 11 discos nos últimos 25 anos. Alguns melhores, outros piores, mas mantendo sempre a proposta e uma certa qualidade. Porém, vocês vão ver muito ódio de antigos fãs do guitarrista por ter abandonado suas bandas mais pesadas.