Eu já decidi há muito tempo em minha carreira de fotógrafo que eu sou um retratista. Retratos são o tipo de fotografia que mais fiz em minha vida e, mais especificamente, retratos femininos. Decidi isso mais de 20 anos atrás e ainda estou nessa estrada. Digo que a maior parte de meus clientes saem felizes da sessão de retratos, mas sempre existem aqueles que não conseguimos agradar, que não gostam do resultado e que não ficam tranquilos ou confortáveis durante a sessão. Sim, as vezes acontece, e eu percebo isso desde o começo do trabalho. Sinto quando não vai rolar a conexão e sei quando as coisas estão degringolando. Existem vários fatores para explicar o fracasso da sessão.
Alguns estão fora de seu controle. A pessoa não se sente bem com ela mesma, ou simplesmente odiou a maquiagem e o cabelo feitos para o dia, ou não tem paciência para deixar o fotógrafo fazer a sua mágica. Já tive problemas com opiniões dos acompanhantes que a modelo levou junto para a sessão e até com o local que a cliente escolheu para as fotos. Ou seja, é uma quantidade muito grande de coisas que podem acontecer.
Mas, independente de tudo o que pode dar errado, o fotógrafo Dan St Louis fez uma lista de 3 coisas que podem acontecer que levam o seu cliente a odiar as fotos que você faz dele. Eu gostei da lista e acho todos os motivos válidos.
1 – Os clientes não estão acostumados com a sua lente
Aqui estamos falando de distância focal. Nos dias de hoje é difícil achar alguém que não faça autorretratos (os populares selfies) e as pessoas acabam se acostumando com a distorção que as lentes grande angulares dos celulares causam em seu rosto. Ao serem fotografados com lentes corretas e indicadas para retratos acabam achando o formato de seu rosto meio estranho. O mais comum é que as clientes achem seus rostos mais bonitos, pois distâncias focais mais altas acabam deixando o rosto mais proporcional, mas as grande angulares deixam o rosto um pouco mais fino e alguns gostam disso. Se estiver em estúdio é fácil de resolver, pois é só mostrar as primeiras fotos da sessão para o cliente no monitor. Em ensaio externo lembre de mostrar como está ficando no LCD da câmera. Tendo essa preocupação você vai perceber as preferências do cliente.
2 – Os seus clientes costumam fazer autorretrato em ângulos bem específicos.
Esse problema também está ligado ao motivo anterior. As selfies são feitas em ângulos específicos, geralmente de cima para baixo, e a pessoa se acostuma a sempre se ver nesse tipo de ângulo. Ela tem o rosto afinado por conta da grande angular e ao mesmo tempo some totalmente sua papada e ajuda a deixar o queixo mais afinado. Vejo muito isso com as mulheres que fotografo. Elas possuem essas preocupações e se você vai trabalhar com mulheres é sempre bom ouvir o que elas querem mostrar e o que elas não querem mostrar em seus retratos. Uma boa prática é sempre pedir para o seu cliente enviar retratos e exemplos do que eles querem fazer em sua sessão fotográfica. Acredite, se a pessoa vai pagar por uma sessão de retratos ela já pesquisou muita coisa na internet do que ela gostaria de fazer.
3 – Mudança de local
As pessoas costumam se fotografar em casa, na rua ou no serviço e quando você leva elas para um estúdio fotográfico elas estranham o fundo branco, a falta de objetos e cenários para interagir. Aqui não é necessariamente um problema, mas uma falta de conversa antes com seu cliente. Talvez ele queira fotografar em estúdio e mostrar alguns resultados em uma reunião prévia pode fazer ele avaliar de forma mais profunda se esse será a melhor escolha. Talvez a montagem de um cenário ou simplesmente escolher uma sessão externa seria o melhor caminho. Aqui é uma questão de percepção e não necessariamente um problema.
Uma coisa que meus 20 anos de retrato feminino me ensinaram é que o mais importante na hora de fotografar uma pessoa é conseguir se conectar com ela. Saber os seus anseios, o seus medos e os seus desejos. Ninguém paga por uma sessão fotográfica sem ter um grande objetivo. No meu caso tem ligação com autoestima e auto realização. O meu papel é fazer a minha cliente atingir tudo o que ela quer. Então, ter empatia, as vezes, é melhor do que possuir um grande conhecimento fotográfico.
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