Burger King é processado por fotos enganosas

Essa é uma discussão antiga no mundo da fotografia de alimentos. Devemos tratar o alimento como um produto publicitário ou apenas como comida? Existe a fotografia de alimento feita em grandes estúdios especializados onde tudo é falso. Normalmente tudo é fotografado separado e depois montado no Photoshop pela pessoa que vai construir a propaganda. Tudo é falso ou montado com produtos que inviabilizam o consumo do alimento posteriormente, pois a comida vai ficar um bom tempo ali na mesa até que a luz seja acertada e várias experiências sejam feitas. Exemplos clássicos: a garrafa de cerveja gelada que é banhada de verniz fosco transparente e com gotículas de glicerina (essa eu ensino para meus alunos) e o prato de granola com leite onde o leite, na verdade, é cola branca para a granola e frutas ficarem bem fixadas na parte de cima.

Porém, nos últimos anos, uma outra forma de fotografar comida apareceu. Voltada para pequenos restaurantes e lanchonetes, o fotógrafo se desloca até o estabelecimento e fotografa o prato verdadeiro assim que ele sai da cozinha. Nesse tipo de fotografia é pensado a composição, o arranjo dos pratos e a luz, mas normalmente o alimento retratado é aquele que vai ser consumido pelo cliente. Porém, nos dois casos, temos a presença do food stylist. Ele é o profissional que vai trabalhar o alimento para que ele pareça sempre fresco e apetitoso. No caso de carnes, se ela fica muito tempo no prato na sessão fotográfica ela acaba ressecando. A solução é passar alguns óleos vegetais na carne para devolver o brilho e a umidade ao alimento. Truques que vamos aprendendo com o passar do tempo.

Claro que depois essas fotos vão para a edição e várias imperfeições do alimento (no pão, por exemplo) são corrigidas depois. O resultado é algo que pode vir a ficar bem diferente do produto final que você compra no restaurante.

Levando esse pensamento a sério, um grupo de consumidores está processando o Burger King pelo fato de as fotos publicitárias fazerem o produto parecer bem maior do que realmente é. O processo está acontecendo na Flórida e o advogado responsável por representar esse grupo de consumidores se chama  Anthony Russo. Segundo ele “rissóis de carne grandes e ingredientes que transbordam sobre o pão para fazer parecer que os hambúrgueres são aproximadamente 35% maiores em tamanho e contêm mais que o dobro da carne do que o hambúrguer real. ”

O processo anexou várias fotos feitas pelos consumidores dos produtos da rede de lanchonetes comparando o hambúrguer real com as fotos publicitárias. Também está presente no processo fotos feitas por clientes postadas em redes sociais e também vídeos no Youtube. Porém, o processo não é inocente ao apenas reclamar de publicidade. Os queixosos apontam que até 2017 a propaganda do Burger king mostrava os produtos mais perto da realidade e que nos últimos anos essa “tendência” em exagerar atingiu níveis constrangedores. A ação judicial pede indenização para todos os supostos “enganados” pelos hambúrgueres presentes na publicidade.

Como isso vai ser decidido e colocado em prática ninguém sabe. Mas, uma coisa é certa. Nunca acredite na publicidade de uma indústria de alimentos. Fatalmente você vai ser enganado. Outra indústria que usa quilos de mentiras é a de cosméticos. As empresas que vendem produtos para deixar as mulheres mais bonitas é a mesma que exige o maior nível de edição digital nas fotos de publicidade.

O vídeo abaixo foi publicado 9 anos atrás. O departamento de marketing do McDonald’s no Canadá recebeu uma pergunta de um consumidor perguntando o motivo de a foto publicitária do hamburguer ser tão diferente do produto que era comprado nas lojas. E a resposta foi mostrar como a foto é feita e comparar com um hamburguer comprado na loja. Sempre passo esse vídeo para meus alunos e acho que ele é bem explicativo.

Fonte: Petapixel

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