Uns anos atrás, quando o site estava em outro endereço, eu publiquei um texto sobre os 10 discos que moldaram meu gosto musical. E o primeiro disco da lista era o The Number of the Beast do Iron Maiden e que completa 41 anos de idade nesse dia 22 de março. Olha só, eu tinha 5 anos de idade quando ele foi lançado. Claro que não escutei o disco no lançamento, mas sim quando tinha 12 anos de idade. Estava começando a gostar de rock, não tinha ainda muito direcionamento musical, e ouvi esse disco na casa de um amigo da escola. Como muitos discos daquela época pré-internet, o disco foi comprado por conta de sua capa impactante, mas o conteúdo musical surpreendeu todos nós.
O disco é o terceiro da banda e marcou a estreia do novo vocalista Bruce Dickinson, que entrou para o lugar de Paul Di’Anno, e foi o último álbum com o baterista Clive Burr. Aliás, provavelmente, a chegada do novo vocalista é que transformou o disco no que ele é. Os vocais de Paul Di’Anno eram muito mais agressivos do que os de Bruce Dickinson, e tinham uma pegada muito mais punk do que metal. A voz de Bruce tornou possível músicas mais melódicas e composições mais dinâmicas. A banda perdeu um pouco do peso dos álbuns anteriores, mas ganhou melodia e qualidade sonora. Lembro da vez que ouvi pela primeira vez a música título do disco e a narração que acontece antes da música:
“Woe to you O earth and sea for the Devil sends the beast with wrath because he knows the time is short. Let him who hath understanding reckon the number of the beast for it is a human number. Its number is six hundred and sixty six”
A frase foi retirada diretamente do livro de Apocalipse (12:12) e (13:18) e foi gravada pelo ator britânico Barry Clayton, após a banda cotejar – sem sucesso – pelos serviços de Vincent Price. Aliás, a capa do disco, onde Eddie, o mascote da banda, aparece subjugando o demônio enquanto esse subjuga um ser humano e a temática da música principal, fizeram com que a banda sofresse acusações de ser satanista. Mas, em defesa do grupo, qualquer coisa um pouco fora do comum no heavy metal dos anos 80 era acusada de ser satanista. O interessante é que a letra da música apenas conta a história de um homem que acabou descobrindo pessoas estranhas realizando um ritual estranho no meio da floresta. Sim, muito sutil, mas mesmo assim forte para o imaginário da época.
Embora essa seja uma das músicas mais conhecidas da banda, não acho que The Number of the Beast seja a melhor música do álbum. Aqui ainda temos Run to the Hills, Hallowed Be Thy Name, The Prisoner e 22 Acacia Avenue que podem ser consideradas grandes músicas em qualquer lista de melhores de todos os tempos. Aliás, não podemos afirmar que esse é o melhor disco da banda (existem outros igualmente poderosos), mas sempre temos pelo menos 3 músicas do álbum nos shows da banda até hoje. Além de Bruce Dickinson a banda contava com Steve Harris (baixo), Dave Murray (guitarra), Adrian Smith (guitarra) e Clive Burr (bateria).
O mais bacana é que o disco envelheceu muito bem e pode ser ouvido até hoje sem nenhuma ressalva. Vale a pena pegar a sua cópia na estante e bater cabeças ao som das composições. Lembrando que ano passado, ao comemorar 40 anos do disco, ele foi relançado como vinil triplo com alguns extras.