Olha só que história interessante. Existem grupos de ecologistas e de proteção ambiental no facebook fazendo campanhas pesadas para proibir a fotografia da espécie Coruja da Neve nos Estados Unidos. Um desses grupos é o Maine Wildlife que conta com mais de 127 mil membros e possui um alcance considerável. A Coruja da Neve é uma das espécies que vem passando por problemas, principalmente por conta da diminuição constante de seu habitat natural. Estima-se que existam atualmente 30 mil exemplares adultos da ave vivendo nos Estados Unidos. A espécie foi rotulada como “vulnerável” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza. Este é o último passo antes que uma espécie se torne oficialmente ameaçada devido ao declínio do número populacional.
Mas, o que a fotografia tem a ver com isso? Segundo os ativistas, vários grupos de fotógrafos se dirigem até o local onde as aves vivem e de forma contínua ficam perturbando os pássaros para poder registrar o animal voando. Segundo Troy Dyer, administrador do grupo do facebook, “Houve vários casos em que pelo menos uma dúzia de pessoas estavam muito perto das corujas, então elas assustavam o pássaro para tirar uma foto delas voando. As corujas precisam economizar energia para caçar e, se gastarem muita energia voando, podem morrer de exaustão/fome.” Uma preocupação interessante, já que o normal desse pássaro é que ele fique empoleirado a maior parte do dia. Levando essas informações em consideração eu posso dividir meu pensamento aqui em duas partes.
O primeiro pensamento é sobre um texto que escrevi muitos anos atrás, no Meiobit (creio que o site apagou meus textos, pois não consigo achar a maior parte deles), cujo título era: Fotógrafos são como pombos. O texto era um compilado de situações onde “fotógrafos” causaram destruição ou confusão pelo simples fato de acharem que as regras não se aplicam a eles. Aliás, o grande número de pessoas que morrem todos os anos fazendo selfies em locais perigosos e sem respeitar regras de segurança são um indicativo de como essa cultura de desobediência é uma constante no mundo da fotografia.
O segundo pensamento é, se essa galera está indo em grupo e acossando um animal que está na lista vermelha de extinção, então não são fotógrafos. São turistas desmiolados que querem fazer uma foto bacana com seu celular ou com sua câmera recém adquirida que só é usada no modo automático. Conheço muitos fotógrafos de natureza (tanto profissionais quanto amadores) e uma constante nesse tipo de atividade é o amor e dedicação ao que é fotografado. Esse pessoal defenderia com unhas e dentes esses animais, sem falar que nenhum deles andaria em grupo na natureza causando impactos. No máximo duas pessoas, para colocar em prática as diretrizes do mínimo impacto ambiental.
Infelizmente, o que mais vemos são pessoas afetando o meio ambiente e destruindo esse patrimônio por causa de uma selfie ou uma foto bacana para colocar nas redes sociais. O que falta é consciência ambiental e fotografar com responsabilidade.
Fonte: DIY
P.S. – Eu sou um amante de corujas. São animais fascinantes. Aqui na região temos a Coruja Buraqueira (Speotyto cunicularia), um animal fácil de achar e que está presente até nos parques e praças dentro da cidade. É um animal tranquilo, mas mesmo assim é necessário se aproximar com cuidado e não assustar a ave. Aliás, não assustar o animal é importante para sua segurança também, uma vez que muitas estão protegendo os seus ninhos. Você faz tudo certinho e volta para casa com um belo troféu em forma de fotografia.